21
de fevereiro de 2013 | N° 17350
EDITORIAIS
DEZ ANOS DE PODER
O
Partido dos Trabalhadores celebrou ontem, em São Paulo, os 33 anos de sua fundação
e a marca de 10 anos no comando do país. Em cerimônia com a presença da
presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula e dos principais líderes da
agremiação, a cúpula petista enalteceu as principais realizações dos últimos
dois governos, alfinetou a oposição e lançou as bases para a campanha eleitoral
de 2014, projetando a permanência no poder e a continuidade do seu projeto.
No
encontro foi distribuída uma cartilha intitulada “O decênio que mudou o Brasil”,
comparando avanços das recentes administrações com o que classifica de “desastre
dos governos neoliberais” anteriores.
Nem
tanto ao mar, nem tanto à terra. É inegável que a administração petista trouxe
benefícios importantes para o país, com ênfase nos programas de redistribuição
de renda e combate à miséria, que tiraram milhões de brasileiros da faixa de
pobreza e geraram uma nova classe média.
Também
cabe reconhecer os acertos da política econômica, que manteve a estabilidade da
moeda, aproveitou bem o ciclo de prosperidade global anterior a 2008 e soube
enfrentar a crise mundial investindo no mercado interno, além de reduzir
sistematicamente a taxa de juros e elevar o valor real do salário mínimo. Essa,
porém, é uma batalha permanente, que nunca pode ser considerada vencida.
No
lado negativo da balança, estão questões éticas, políticas e administrativas
que os governos petistas não souberam solucionar. A principal delas, sem dúvida,
foi o mensalão, resultado de uma política de alianças partidárias que causou
constrangimento até mesmo para muitos militantes da sigla. Ao mesmo tempo que o
pragmatismo do ex-presidente Lula revelou-se uma estratégia inteligente para
garantir a governabilidade, também gerou essa deformação inaceitável para um
partido que se julgava detentor do monopólio da decência.
A
compra de apoio parlamentar no Congresso abalou a imagem do PT e se transformou
em herança maldita para a sucessora de Lula, que se viu obrigada a promover uma
faxina ética em seu próprio ministério a fim de resgatar parte da idoneidade
estilhaçada. O PT no poder também deixou a desejar em relação às reformas
estruturais que o país necessita e ampliou a irresponsabilidade fiscal, ao
permitir o descontrole nos gastos públicos.
Muitos
outros aspectos positivos e negativos merecem ser considerados para que se
trace um quadro real dos 10 anos de administração petista – o que,
infelizmente, não cabe neste espaço editorial. Cabe, porém, lembrar que o
eleitor brasileiro tem sabe-doria e maturidade para não se deixar iludir pelo
parcialismo da propaganda política na hora de julgar o que é mais conveniente
para o país, se a continuidade ou a alternância no poder. A democracia
contempla as duas possibilidades.
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