23
de fevereiro de 2013 | N° 17352
BOA
FORMA
Sedentarismo de
academia
Mais
do que praticar exercícios físicos, para garantir a boa forma é preciso
manter-se ativo o dia inteiro
Você
seguiu direitinho as recomendações do médico (e da Organização Mundial de
Saúde): 30 minutos de exercícios físicos por dia, de segunda a sexta. Está
satisfeito consigo mesmo, com a saúde garantida, correto? Não completamente.
Um
estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) começa a indicar que uma
pessoa que se exercita apenas poucos minutos e passa o resto do dia sentada ou
envolvida em atividades que não demandam muito movimento tem a mesma condição
de saúde de alguém que não faz exercício nenhum, mas fica zanzando de um lado
para o outro o dia todo.
Até
10 anos atrás, os cientistas se fixavam somente nos benefícios do tempo do
exercício físico – aquele vôlei, futebol, academia, corrida e caminhada, todos
esportes de grande intensidade, mas que consomem somente de 5% a 8% do tempo
que uma pessoa passa acordada.
No
entanto, a boa forma também resulta das atividades corriqueiras do dia a dia:
cozinhar, passear com o cachorro, se levantar da mesa do trabalho para pegar um
cafezinho, caminhar até a padaria para comprar pão etc.
Na
última década, países como Austrália, Estados Unidos e Inglaterra têm fixado
sua atenção ao que as pessoas fazem nas horas em que não praticam esportes. No
Brasil, há alguns estudos que relatam o tempo que adolescentes ficam na frente
do computador, da TV e do videogame, mas ainda não havia um perfil completo
sobre como as pessoas se movimentam rotineiramente nos seus deslocamentos, no
lazer, no trabalho e na escola.
Em
dissertação de mestrado, Grégore Mielke, pesquisador do comportamento
sedentário da UFPel, apresentou um estudo feito com quase 3 mil moradores de
Pelotas, mas aplicável a outras cidades de médio porte. Os resultados são
surpreendentes: um quarto dos entrevistados fica mais de oito horas e 10% passam
12 horas ou mais por dia sentados. E quanto mais velha for a pessoa, menor será
o comportamento sedentário.
O
próprio conceito de sedentarismo muda, avalia Mielke:
– É
possível que uma pessoa pratique muita atividade física, mas seja sedentária se
ficar sentada na maior parte do tempo, sem se movimentar e só se exercitar meia
hora por dia. E isso pode se reverter em uma pior condição de saúde.
Sedentarismo,
portanto, significa se movimentar pouco durante o dia. E outra coisa, bem
diferente, é ser fisicamente ativo. Assim, Mielke dividiu os entrevistados em
quatro grupos:
1.
Fisicamente ativos e não sedentários
2.
Fisicamente ativos e sedentários
3.
Fisicamente inativos e não sedentários
4.
Fisicamente inativos e sedentários.
Integrantes
dos grupos 2 e 3 teriam os mesmos gastos energéticos durante o dia. Mas antes
de cancelar a academia, preste atenção ao que diz Mielke:
–
Gosto de fazer uma analogia: comer muita fruta ou verdura não anula os efeitos
de comer muita gordura. O que eu quero dizer com isso é que os caminhos
metabólicos para o gasto energético são diferentes e não se deve abandonar
nenhum hábito saudável para o organismo. O problema é que se tomou que 30
minutos de atividade física seriam uma cápsula de saúde e a pessoa não
precisaria fazer mais nada. E isso não é verdade.
julia.otero@zerohora.com.br
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