13 de fevereiro de 2013
| N° 17342
ARTIGOS - Fernanda
Melchionna*
Exemplo do que não fazer
Porto Alegre foi surpreendida com
motosserras cortando belas árvores na Praça Júlio Mesquita, em frente ao
Gasômetro. Rapidamente descobriu-se que se tratava de 115 árvores marcadas para
serem cortadas em nome da duplicação da Edvaldo Pereira Paiva.
No mesmo mês em que Carlos
Alberto Dayrel (1975) subiu em uma árvore na Avenida João Pessoa, como parte de
um movimento que conquistou a manutenção daquela e de outras, quatro jovens, ao
fazer o mesmo, desencadearam um belo movimento de resistência ambientalista que
repercutiu nas redes sociais e na imprensa, levando a prefeitura a suspender
até amanhã o “arvorecídio”.
Um dos argumentos é de que o
licenciamento ambiental foi realizado pela Secretaria Municipal de Meio
Ambiente, uma vez que a compensação prevê o plantio de 400 árvores em outros
locais. Sem entrar no mérito da péssima atuação da Smam, que deveria zelar pelo
meio ambiente, mas tem licenciado à revelia os projetos da prefeitura, nos
empreendimentos privados, tem trocado a compensação ambiental por equipamentos,
inclusive motosserras (gerando uma ação cível no Ministério Público Estadual).
Pensemos em quantos anos leva uma árvore para crescer: 30, 40? Será que uma
Copa do Mundo vale onerar duas gerações?
O prefeito diz que a população
não utiliza aquelas árvores. Ora, nem falaremos dos que as aproveitam para
saborear um chimarrão à sombra, mas na necessidade das árvores para reter gás
carbônico e amenizar o calor.
Que visão de sustentabilidade é
esta, em que os problemas ambientais são resolvidos com mais asfalto e mais
concreto? Para aumentar a fluidez do trânsito, uma passarela para pedestres,
sem derrubar árvores, poderia ser uma alternativa.
Por fim, a questão democrática:
todos pegos de surpresa, conselhos, entidades, vereadores, moradores. Que
conceito é esse, pelo qual quem constrói e vive na cidade não opina sobre ela?
O projeto ainda é antagônico ao
Plano Diretor, no qual está previsto um parque urbano integrando Gasômetro e
praças Júlio Mesquita e Brigadeiro Sampaio. Fortunati, em artigo na ZH,
reconhece que falhou na comunicação. Espero que na audiência na Câmara (amanhã,
às 9h30min) reconheça que errou no projeto. Em tempos de aquecimento global,
este projeto é um exemplo do que não se deve fazer.
* VEREADORA (PSOL) EM
PORTO ALEGRE
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