13 de fevereiro de 2013
| N° 17342
EDITORIAIS ZH
Exercício de tolerância
Os brasileiros experimentam mais
uma vez, no retorno às suas cidades, depois do feriadão no litoral, os
incômodos de um trânsito que parece se tornar inviável quando de grandes
movimentações. Os efeitos mais visíveis dos transtornos são os imensos
engarrafamentos, que provocam as mais diversas reações, entre as quais as de
inconformismo com a falta de soluções por parte do setor público. A verdade é
que, por maiores que sejam os investimentos em mobilidade, há um descompasso
insuperável entre a capacidade de escoamento do trânsito de ruas e estradas e a
acelerada ampliação da frota de veículos no país.
Isso não significa que a
engenharia de tráfego não deva ser constantemente desafiada a encontrar
alternativas e que os governos não devam destinar fartos recursos a projetos
nesse sentido. Mas é preciso ter a exata dimensão de um dilema que atinge a
grande maioria dos países, e não só os brasileiros. A opção pelo transporte
individual, em relação aos meios coletivos de locomoção, levou à atual
situação. No ano passado, o Brasil registrou 3,7 milhões de emplacamentos, um
aumento de 6% em relação ao ano anterior.
Em São Paulo, circulam mais de 7
milhões de veículos. O ritmo do crescimento anual da frota na maior cidade do
país mais do que dobrou em uma década. Era de 3,5% em 2001 e passou dos 7% no
ano passado. No Rio Grande do Sul, o número de veículos pode chegar a cerca de
9 milhões em 2020, ou seja, o dobro do existente até 2009.
Não há mágica que resolva a
multiplicação por dois do contingente de veículos em pouco mais de uma década.
Enfrentar os constrangimentos provocados por essa expansão passa a ser um
exercício de tolerância, que se agrega a outras práticas provocadas por uma das
faces do modelo de desenvolvimento escolhido pela maioria. Isso significa que,
ao mesmo tempo em que exerce o direito de dispor de carro próprio, o brasileiro
terá de se submeter às consequências desta opção.
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