sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013


Jaime Cimenti

Santa Maria, limites, Carnaval

O mundo e o tempo não param. A tela branca intima, com prazo curto, o cronista, para que faça seu trabalho. Santa Maria, tragédia que ficará para sempre. Dor de perda de filho, a dor maior, não termina nunca. Duzentos e trinta e sete jovens não podem ter nos deixado em vão.

Tomara Deus que nunca mais aconteça esse horror. Precisamos elaborar o luto, tirar esperanças das pedras e deixar que os sorrisos ainda tão novos das vítimas nos iluminem. Desde os velhos gregos a gente soube, mas não aprendeu, que a verdade está no meio, que o equilíbrio é necessário, que tudo o que está exagerado está errado. Nós, humanos, somos tecnologicamente rápidos, mas nossas cabeças e corações nem tanto.

Temos muito que aprender. Tomara que as vidas da meninada nos inspirem a sermos mais atores, coadjuvantes ou protagonistas, e menos figurantes nestes palcos da vida. Tomara que haja menos ganância, impunidade, desrespeito ao próximo.

Neste Carnaval, provavelmente vamos ter de fazer como aquela noiva que perdeu o tio-padrinho querido dias antes do casamento. Ela entrou no altar chorando e sorrindo ao mesmo tempo. Neste Carnaval, acho que todos nós, brasileiros, deveríamos usar, mesmo simbólica ou metaforicamente, uma máscara com o rosto do ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no excelso Supremo Tribunal Federal.

Precisamos lutar, com todas as nossas forças, para que o descaso, a negligência, a corrupção de valores e a impunidade acabem. Esses dias, no posto de gasolina, o frentista pediu para examinar o extintor de incêndio do meu carro. Estava vencido havia alguns dias. Vinte e cinco reais e o sorriso do frentista me deixaram contente. No Brasil, conseguimos lutar pela liberdade, pelo fim da tortura e pelos valores democráticos.

Obtivemos algumas vitórias importantes, alguns avanços, mas há muito por fazer. Criminalidade, violência e embriaguez no trânsito, corrupção, falta de fiscalização, o caminho é longo. Mas vamos em frente. Neste Carnaval, vamos pensar em locais mais seguros, em elevadores, barcos e outros meios de transporte com lotação adequada, com equipamentos que nos protejam.

Até mesmo os festejos de Carnaval pedem limites e cuidados. A verdade está no meio, devemos buscar o equilíbrio, o respeito pela vida da gente e dos outros, o cumprimento das leis, e não deixar, jamais, a festa acabar num velório que ninguém merece.
Jaime Cimenti

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