Jaime
Cimenti
Santa Maria, limites,
Carnaval
O
mundo e o tempo não param. A tela branca intima, com prazo curto, o cronista,
para que faça seu trabalho. Santa Maria, tragédia que ficará para sempre. Dor
de perda de filho, a dor maior, não termina nunca. Duzentos e trinta e sete
jovens não podem ter nos deixado em vão.
Tomara
Deus que nunca mais aconteça esse horror. Precisamos elaborar o luto, tirar
esperanças das pedras e deixar que os sorrisos ainda tão novos das vítimas nos
iluminem. Desde os velhos gregos a gente soube, mas não aprendeu, que a verdade
está no meio, que o equilíbrio é necessário, que tudo o que está exagerado está
errado. Nós, humanos, somos tecnologicamente rápidos, mas nossas cabeças e
corações nem tanto.
Temos
muito que aprender. Tomara que as vidas da meninada nos inspirem a sermos mais
atores, coadjuvantes ou protagonistas, e menos figurantes nestes palcos da
vida. Tomara que haja menos ganância, impunidade, desrespeito ao próximo.
Neste
Carnaval, provavelmente vamos ter de fazer como aquela noiva que perdeu o
tio-padrinho querido dias antes do casamento. Ela entrou no altar chorando e
sorrindo ao mesmo tempo. Neste Carnaval, acho que todos nós, brasileiros,
deveríamos usar, mesmo simbólica ou metaforicamente, uma máscara com o rosto do
ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no excelso Supremo
Tribunal Federal.
Precisamos
lutar, com todas as nossas forças, para que o descaso, a negligência, a
corrupção de valores e a impunidade acabem. Esses dias, no posto de gasolina, o
frentista pediu para examinar o extintor de incêndio do meu carro. Estava
vencido havia alguns dias. Vinte e cinco reais e o sorriso do frentista me
deixaram contente. No Brasil, conseguimos lutar pela liberdade, pelo fim da
tortura e pelos valores democráticos.
Obtivemos
algumas vitórias importantes, alguns avanços, mas há muito por fazer. Criminalidade,
violência e embriaguez no trânsito, corrupção, falta de fiscalização, o caminho
é longo. Mas vamos em frente. Neste Carnaval, vamos pensar em locais mais
seguros, em elevadores, barcos e outros meios de transporte com lotação
adequada, com equipamentos que nos protejam.
Até
mesmo os festejos de Carnaval pedem limites e cuidados. A verdade está no meio,
devemos buscar o equilíbrio, o respeito pela vida da gente e dos outros, o
cumprimento das leis, e não deixar, jamais, a festa acabar num velório que
ninguém merece.
Jaime
Cimenti
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