CARLOS
HEITOR CONY
Receita para matar a
fome
RIO
DE JANEIRO - E assim se passaram dez anos com o PT no poder. Logo no início,
quando tomou posse no primeiro mandato, Lula lançou o Fome Zero. Não sei se
acabou com a fome, o fato é que dona Dilma quer acabar com a miséria. Faço
votos.
Em
espírito de colaboração, tomo a liberdade de lembrar um projeto lançado por
Jonathan Swift (1667-1745), autor de "As Viagens de Gulliver", doutor
em teologia e deão da catedral de St. Patrick.
Preocupado
com a fome em algumas regiões da Irlanda, em 1729 escreveu o ensaio
"Modesta Proposta para Impedir que os Filhos dos Pobres na Irlanda Pesem
sobre seus Pais ou sobre o País, tornando-se Úteis ao Público".
E
deu algumas receitas: "Uma criança sadia, bem nutrida é, na idade de um
ano, uma nutrição deliciosa, substancial e sã, assada ou cozida, ensopada ou ao
forno, podendo ser servida como fricassé ou ragoût. (...) As mães darão de
mamar com fartura no último mês, de modo a ficarem carnosos e gordos.
Um
menino daria dois pratos em um almoço de amigos; quando a família janta só, a
metade dianteira ou traseira daria um prato razoável, temperado com um pouco de
pimenta e sal. Em média, um menino que pese 12 libras ao nascer pode, em um
ano, se é passavelmente nutrido, atingir 28 libras".
Para
confirmar suas preocupações com o problema da fome em seu tempo e em sua
cidade, Swift legou todos os seus bens para uma instituição fundada por ele,
que abrigava mendigos e loucos.
Na
primeira viagem a Lilliput, habitada por pigmeus, Gulliver apaga um incêndio no
Palácio Real sem necessidade de chamar o Corpo de Bombeiros. Ele urina em cima das
chamas e salva o palácio. Com anos de antecedência, Gulliver dá uma lição aos
cariocas que desperdiçam o chamado precioso líquido fazendo da cidade um imenso
mictório.
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