17
de fevereiro de 2013 | N° 17346PÁGINA 10 |
LETÍCIA
DUARTE (Interina)
Costuras finais para a
ERS-010
Depois
de tantas idas e vindas na discussão sobre a ERS-010, o governo do Estado
pretende finalmente anunciar, na primeira semana de março, a decisão sobre o
modelo a ser adotado. Interlocutores palacianos garantem que, apesar das
informações desencontradas ao longo do caminho, a negociação com a Odebrecht
agora está bem encaminhada, em fase de definição de detalhes, para que a obra
seja executada em modelo de parceria público-privada (PPP), com ajustes no
projeto original.
Para
superar o impasse na definição do projeto, a estratégia do Piratini foi retirar
os intermediários da negociação – o que significou escantear os prefeitos do
Conselho Deliberativo Metropolitano da discussão, liderados por Jairo Jorge – e
tratar diretamente com a Odebrecht.
A
empresa já teria concordado nos pontos fundamentais exigidos pelo governo –
retirando cláusulas como a que responsabilizava o Estado por eventuais prejuízos
caso o fluxo de veículos fosse menor do que o estimado pelo projeto.
Na
versão do governo, seria equivocada a interpretação de que os novos estudos
técnicos solicitados ao Daer representariam uma volta à estaca zero. Teriam
sido pedidos ainda em novembro, quando o governo chegou a convocar uma
entrevista coletiva para anunciar publicamente que abandonaria o projeto da
Odebrecht, mas só encaminhados pelo Daer a partir de janeiro por atrasos na
demanda interna – e seriam úteis para qualquer modelagem que venha a ser
escolhida.
Nos
bastidores, integrantes do Piratini admitem que o governo demorou em encaminhar
a solução para a obra, mas já têm um discurso pronto para rebater as críticas
de lentidão. Dizem agora que a maior responsabilidade pelo atraso seria do
ex-secretário Beto Albuquerque (PSB) – não por acaso, em um momento em que Beto
tem defendido o afastamento de seu partido do governo Tarso em 2014, a fim de
garantir um palanque alternativo para Eduardo Campos à Presidência.
–
Beto queria ou o projeto original, ou nada. E se opôs à tentativa do governo de
trazer a EBP (Empresa Brasileira de Projetos) para fazer o projeto, o que
atrasou quase um ano a discussão. Ele deixou uma herança negativa – diz uma
figura influente no Piratini.
O
clima eleitoral já paira no ar.
FAIXA
PRETA NA PREFEITURA
Eleito
aos 29 anos como prefeito mais jovem de Bento Gonçalves, por apenas 383 votos
de diferença, Guilherme Pasin (PP) assumiu o poder com uma dupla missão. Além
de ter de corresponder às expectativas dos eleitores no primeiro mandato de sua
vida, enfrenta o desafio de colocar ordem em uma das situações mais dramáticas
das contas públicas no Rio Grande do Sul.
Logo
depois da eleição, auditorias revelaram que a dívida do município chegava a R$
51,2 milhões, o equivalente a 20% do orçamento. Com ajuda de auditores do
Tribunal de Contas do Estado, a prefeitura faz agora um pente-fino nas finanças
para tentar colocar ordem na casa. Enquanto isso, o prefeito decretou a
suspensão temporária no pagamento de todas as dívidas contraídas até o final de
2012.
A
dedicação integral à nova missão obrigou o bacharel em Direito e ex-assessor do
deputado Jerônimo Goergen a aliviar os treinos de jiu-jítsu, a arte marcial que
pratica há 13 anos – e que lhe garantiu até uma medalha de bronze no campeonato
brasileiro, em 2004. Mas os princípios do esporte continuam bem presentes em
seu cotidiano: diz que é com ajuda da disciplina e da concentração aprendidas
na luta que tem enfrentado o desafio na gestão.
– Eu
aprendi a encarar os momentos mais difíceis com muita tranquilidade. É como no
jiu-jítsu: tem de respirar, analisar e agir – compara, sorridente.
Com
o fluxo de trabalho espichado das 7h15min às 23h nestes primeiros dois meses,
Pasin ultimamente não tem parado nem para almoçar. Para enganar a fome, se
alimenta com vitaminas de açaí e banana, café e chimarrão. Suspensa durante a
campanha, a rotina de exercícios está sendo retomada aos poucos, em horários
alternativos como domingos e feriados. Na terça-feira de Carnaval, a academia
que frequenta abriu especialmente para lhe conceder a passagem para a faixa
preta.
Ao
trocar o tatame pelas contas públicas, a luta agora ficou mais difícil, mas o
prefeito está empolgado.
– Os
desafios são proporcionais às paixões – diz Pasin, que completou 30 anos em 27
de janeiro.
Indenização
da Kiss
A
Defensoria Pública Estadual pretende protocolar em 10 dias a ação coletiva
pedindo indenização às famílias das vítimas da tragédia de Santa Maria. Já está
definido que os proprietários da Kiss e a própria boate enquanto pessoa
jurídica serão apontados como réus. Ainda está em estudo se outros agentes
públicos serão incluídos como responsáveis.
Além
da ação coletiva, a Defensoria encaminha ações individuais para acelerar
providências como a liberação de veículos das vítimas e rescisões de contratos.
Salário
vira doação
Enquanto
a maioria dos políticos reivindica aumento salarial, o vereador Antônio
Otacílio Lajús (PPS), de Horizontina, no noroeste do Estado, abriu mão do salário
de legislador, cerca de R$ 3,5 mil líquidos. Ele passou a doar o valor para
entidades do município. Lajús diz que tomou a decisão para dar o exemplo aos
mais jovens.
–
Ser vereador não é uma profissão, estamos na Câmara para fiscalizar. Posso
trabalhar normalmente no dia a dia, pois aqui temos duas sessões ordinárias por
mês e elas acontecem fora do horário comercial – justificou.
Prestes
a assumir a coordenação da bancada gaúcha, nesta terça-feira, às 17h30min, o
deputado Ronaldo Nogueira (PTB) definiu como uma de suas prioridades a luta
pela liberação da emenda de R$ 20 milhões apresentada pela bancada em 2012 para
programas de recuperação de estradas vicinais. O recurso interessa diretamente
ao governo do Estado, que pediu empenho na articulação.
Para
aumentar a interação com a população, Guilherme Pasin decidiu abrir o salão
nobre da prefeitura todas as tardes de sexta-feira para atender diretamente os
moradores: a partir das 14h, ouve todos os pedidos e, nas reuniões de
segunda-feira com os secretários, encaminha as demandas, exigindo que deem uma
resposta aos moradores em 48 horas.
ALIÁS
Apesar
de atentos aos movimentos do PSB, integrantes do Piratini acreditam que a
popularidade do governo Tarso às vésperas da eleição é que vai determinar as
chances de reeleição, influenciando na formação das alianças em 2014.
Presídio
Central
Além
da ERS-010, o Piratini aposta em investimentos privados para destravar outros
imbróglios de gestão. Entre eles, o Presídio Central.
A
ideia do governo é delegar ao setor privado, por meio de “arrendamento de
ativos”, a construção de três presídios com capacidade para 550 presos, com o
objetivo de desafogar o Central. A expectativa é de que a licitação seja
lançada neste ano.
Pelo
modelo, a iniciativa privada construiria os prédios e os alugaria durante um
período para o Estado para quitar o investimento. Vencida esta etapa, seriam
incorporados ao patrimônio público.
Com
obras complementares feitas pelo governo, a meta é encaminhar uma solução para o
Central até 2014 – o que garantiria um feito para exibir na campanha à
reeleição.
Novo
Hospital
Outra
obra que o governo planeja iniciar é a construção de um novo hospital na Região
Metropolitana, com 400 leitos.
Já
foi definido que será em Alvorada, no terreno às margens da ERS-118, que havia
sido destinado à Dell.
A
previsão é começar as obras em 2014.
A
demissão das estagiárias do Senado que criticaram Renan Calheiros acabou
revelando o quanto é disseminado o emprego de parentes em diferentes nichos do
setor público: uma delas era sobrinha de Joaquim Barbosa, relator do mensalão e
presidente do STF.
Colaborou
Fernando Goettems
Nenhum comentário:
Postar um comentário