15
de fevereiro de 2013 | N° 17344
ARTIGOS
- Alessandro Barcellos*
Comoção e atitude
Acabamos
de viver o evento brasileiro de maior repercussão internacional. Todo o país
parou por quatro dias para festejar o samba e o Carnaval. O colorido das
fantasias e a alegria estampada nos rostos foram notícia em todo o planeta, e a
cada ano mais turistas vêm ver de perto esse fenômeno de catarse coletiva.
Ao
mesmo tempo, vivemos um momento ímpar de abundância, pleno emprego e ascensão
econômica das camadas historicamente menos favorecidas, que embarcaram em nova
condição social, acessando bens que viraram símbolos desta nova posição. É o caso
do automóvel.
Tudo
isto pareceria suficiente para festejarmos o início de 2013; mas não estamos
satisfeitos. A quantidade recorde de veículos nas ruas e estradas, somada à descontração
típica deste período de festas, acarretou um nefasto efeito colateral – a morte.
Durante
todo o feriado de Carnaval, atuamos com todo o nosso efetivo de policiais
rodoviários e agentes de trânsito, equipados com controladores de velocidade e
etilômetros, agora com o suporte mais severo da legislação de trânsito. Invadimos
os lares com campanhas maciças de conscientização veiculadas pelos jornais, rádios
e televisão em diversos horários e canais. A imprensa realizou,
espontaneamente, um trabalho fundamental. Ainda assim, a Quarta-feira de Cinzas
foi cruel, contabilizando um alto número de vítimas fatais no trânsito.
Ainda
estamos consternados com os acontecimentos de Santa Maria, resultado de uma fatídica
cadeia de eventos, que ceifou em pleno momento de lazer a vida de mais de 200
pessoas, em sua maioria jovens, com uma expectativa de futuro promissor. Com
toda a justiça, a comoção foi nacional. Autoridades, legisladores, cidadãos,
todos fomos sensibilizados.
Os
mesmos elementos estão presentes na tragédia do trânsito vista no feriado de
Carnaval: a conjugação de imprudências e irresponsabilidades, a vida ceifada em
uma ocasião que deveria ser de lazer, muitos jovens e futuros promissores... Apenas
uma variação: os mortos no trânsito não causam a mesma comoção. Por quê?
A
tragédia cotidiana petrificou nossos corações e mentes. Não queremos sofrer
todos os dias junto com as famílias estraçalhadas pelas tragédias particulares.
Em consequência, seguimos à mercê das nossas próprias irresponsabilidades,
cometendo as mesmas imprudências, fechando os olhos para um cenário que inclui
consumo de álcool, excesso de velocidade e pura e simples falta de atenção.
Assim,
venho lançar um apelo a todos os condutores de automóveis, motos, ônibus e
caminhões. Vocês podem ser a diferença entre a vida e a morte. Vamos permitir-nos
a comoção perante essa tragédia e transformemos este sentimento em atitudes
positivas. Somente assim daremos resposta a essa tragédia que, a cada ano,
somente em nosso Estado, ceifa mais de 2 mil vidas. Motivo mais do que justo
para uma grande comoção – e de uma mudança em nossas atitudes.
*DIRETOR-PRESIDENTE
DO DETRAN-RS
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