14
de fevereiro de 2013 | N° 17343
EDITORIAIS
ZH
OLHAR PARA A JUVENTUDE
Começou
ontem em todo o país a Campanha da Fraternidade de 2013, promovida pela Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, que tem como tema Fraternidade e Juventude e
como lema uma citação do profeta Isaías: “Eis-me aqui, envia-me”.
Trata-se
de uma alusão ao protagonismo dos jovens como agentes transformadores da
sociedade – assunto oportuno no ano em que o Brasil sediará a 27ª edição da
Jornada Mundial da Juventude, programada para julho no Rio de Janeiro. Este
olhar de atenção e cuidados para a juventude não deve ser uma ação exclusiva da
Igreja Católica, mas também dos governantes, dos educadores e, principalmente,
das famílias.
O
Brasil é um país jovem e os jovens são hoje os principais agentes e vítimas da
violência em nosso país, como comprova qualquer estatística junto à população
carcerária. Infelizmente, as políticas públicas voltadas para a juventude ainda
são insuficientes para garantir estudo e formação a uma parcela expressiva da
população desta faixa etária. Estudo divulgado no ano passado pelo Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef) e pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação
mostrou que o país ainda tem 3,7 milhões de crianças e jovens fora da escola,
na faixa entre quatro e 17 anos.
Esse
contingente de excluídos, como se sabe, torna-se alvo fácil da criminalidade e
do tráfico de drogas, resultando daí a dramática situação da violência urbana
no país. Quando falta a oportunidade de estudo e emprego, aumenta a
possibilidade de ingresso no crime. Quando falta a orientação ética familiar, a
rua acolhe. Quando falta uma perspectiva de futuro, o presente se torna sem
sentido.
É isso
o que a Campanha da Fraternidade quer evitar, conclamando os jovens para que
participem da vida comunitária e contribuam com seus dons e talentos para a
construção de uma sociedade melhor. Entre os objetivos propostos pela CNBB, está
o de sensibilizar os jovens para serem agentes transformadores da sociedade e
protagonistas da civilização do amor e do bem comum.
É uma
proposta tão nobre e tão oportuna, que não pode ficar restrita a uma religião
específica. Olhar para a nossa juventude, orientá-la e oferecer-lhe
oportunidades para que amadureça de forma sadia e produtiva é um dever de todos
os brasileiros, independentemente de ideologia, crença religiosa ou posição
social.
Apostar
nos jovens é investir no futuro do país. Cabe, portanto, uma ação integrada,
firme e permanente da sociedade brasileira no sentido de valorizar a juventude,
de resgatar a parcela desgarrada e de desenvolver ações preventivas, centradas
na educação, na orientação familiar e na oferta de oportunidades, para que
crianças e adolescentes recebem tratamento digno na terra em que nasceram.
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