sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013



08 de fevereiro de 2013 | N° 17337
DESTAQUES DA PRAIA

GAROTAS DO SURFE

Mulheres derrubam tabus e se aventuram no equilíbrio sobre a prancha

Cabelos loiros que brilham a cada reflexo de luz, pele dourada sapecada pelo sol e olhos azuis ressaltados pelo bronzeado. Na areia, desfila com um biquíni preto, um short colorido e sua fiel companheira: a prancha. Em poucos minutos ela está em alto-mar e, da areia, surge apenas como um pontinho no meio da água. Aos 15 anos, Mariana de Bortoli não teme o mar frio nem as ondas grandes – e muito menos a maciça presença masculina no meio surfista.

– Nunca senti qualquer tipo de preconceito. Quando conto que surfo, os guris acham legal – relata a adolescente.

Mariana faz parte de uma legião de meninas e mulheres que, a cada nova temporada, derruba tabus e se aventura na tentativa de encontrar equilíbrio em cima das ondas. Elas ainda representam uma minoria – no ranking gaúcho, são apenas quatro mulheres para 24 homens. Apesar dos índices desfavoráveis, a desigualdade vem diminuindo na mesma proporção da derrubada do machismo.

– Hoje em dia, não vejo preconceito por parte dos homens. Pelo contrário, existe uma solidariedade na disputa pelas ondas, há um cavalheirismo dentro da água – destaca o presidente da Federação de Surf do Estado, Orlando Carvalho.

O sonho de viajar o mundo pelo esporte

Nem sempre foi assim. A primeira campeã brasileira da modalidade, a gaúcha Roberta Borges, recorda do tempo que começou a pegar onda em Torres – onde outras amigas também surfavam. Em viagens e competições, sentia uma certa resistência que não foi capaz de estragar sua motivação.

– As pessoas estranhavam, me olhavam diferente, mas isso nunca foi um problema para mim. Se fosse, eu teria parado, o que nunca aconteceu – resume Roberta.

O mesmo brilho no olhar que leva a ex-surfista profissional a cair na água até hoje na Praia da Barra, em Santa Catarina, motivou a estudante Yasmin Dias, de apenas nove anos, a se aventurar no mar. Com alguns empurrões e muitas lições do pai surfista, José Carlos Dias, 36 anos, a menina sonha em viajar o mundo e competir.

– Gosto porque é um esporte radical – diverte-se a pequena.

Que surfe deixou de ser coisa de homem, ninguém duvida mais. Para a estudante Renata Diehl, 24 anos, número 1 no ranking gaúcho, as mulheres estão ganhando cada vez mais respeito – e admiradores também.

Dicas para iniciantes

- Para começar a surfar, é fundamental saber nadar

- É preciso também conhecer ou, ao menos, ter noções básicas das condições do mar

- Use biquínis maiores e confortáveis, bem presos na cintura

- Utilize um “pranchão” para aprender. Quanto maior a prancha, mais fácil de se equilibrar

- Procure uma escola de surfe para poder aprender os movimentos básicos do esporte

Fonte: ex-surfista profissional Roberta Borges e o presidente da Federação Gaúcha de Surf, Orlando Carvalho

debora.ely@gruporbs.com.br

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