Jaime Cimenti
Carnaval
2013
Este
Carnaval de 2013 teve as muitas coisas previsíveis de sempre: mais afrouxamento
das regras morais, já bem frouxas, claro, o ano todo, mas no carná, mais soltas
ainda, com danças, trejeitos, cantos e fantasias, pouquíssima roupa, muita
bebida y otras cositas mas. Bafômetro e tolerância zero deram uma segurada,
centenas estão aí pendurados, mas mortos demais no trânsito, de novo, deixam a
ressaca mais amarga.
Houve
retiro espiritual para alguns poucos, que preferiram orar, silenciar e ouvir o
som do silêncio, o canto dos pássaros e as palavras do vento e das folhas, ao
invés dos sons eletrônicos, bate-estaca do tríduo e baticumbum momesco.
Dois
acontecimentos marcaram a festa e fizeram a alegria dos jornalistas. As máscaras
com o rosto do circunspecto ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo
Tribunal Federal, foram as mais vendidas, e o estoque de 25 mil delas logo se
esgotou.
Não
me lembro de ministro do STF tão popular, ao menos aqui no Brasil. Algumas
pesquisas mostram a vontade de muitos eleitores de vê-lo na Presidência da República.
STF e Carnaval, em princípio, não têm nada a ver, mas não deixa de ser simpático
ver que não somente políticos, artistas e outras celebridades podem servir de
modelo para máscaras de Carnaval.
É o
império da lei em meio ao aparente vale-tudo do Carnaval. É o desejo nacional
de caras novas. Joaquim Barbosa segue,
impávido, na ativa, tentando colocar ordem no recinto. Já o Papa Bento XVI
aproveitou o Carnaval para dizer que está cansado e que vai se aposentar, tirar
o anel do pescador, bem como manda o figurino. Está difícil colocar ordem
naquele recinto.
Ele
está descontente com as divisões internas na Igreja, prefere mudar-se para o
convento Mater Ecclesiae, numa zona separada dos jardins do Vaticano, onde
vivem freiras enclausuradas. Vamos ver se ele vai ficar quietinho ou se vai
seguir exercendo autoridade e dando palpites sobre assuntos importantes. O
tempo dirá. Alguém sugeriu para ele voltar para a Baviera, relembrar a infância
e tal. Não rolou.
Pois
é, além da tragédia de Santa Maria, as folias dos dias de Momo, desta vez,
pularam junto com os outros dois acontecimentos conspícuos. Melhor nem dizer
que não se fazem mais carnavais como antigamente, que aí periga alguém me
enviar para meus aposentos, em ociosidade digna, tipo assim, enclausurado. Menos,
né?
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