07
de fevereiro de 2013 | N° 17336
SANTA
MARIA, 27/01/2013
Embate nas redes sociais
Utilizadas
logo depois do incêndio em Santa Maria como canal de lamentos e homenagens, as
redes sociais se firmam agora como palco de um embate digital entre os
envolvidos na tragédia, simpatizantes de cada lado e interessados no desfecho
do caso.
A
tentativa de somar pontos com a opinião pública leva à publicação de
manifestos, fotos, vídeos e comentários ora absolvendo, ora condenando
autoridades, os donos da boate e músicos do grupo Gurizada Fandangueira.
A
guerra de versões é travada por meio de ferramentas como o Twitter e,
principalmente, perfis do Facebook. Na página da banda Gurizada Fandangueira,
que se apresentava no momento em que se iniciou o incêndio, sobram acusações
aos proprietários da Kiss. Em fotos compartilhadas, por exemplo, são mostradas
cenas do uso de fogo na boate por parte de funcionários a fim de desmontar a
tese de que os donos não sabiam da utilização recreativa das chamas.
“Então
era proibido o uso de fogos no interior da Kiss? Esta foi uma das fotos
postadas nas redes sociais do que acontecia nas festas”, diz o texto que acompanha
uma imagem com um sinalizador soltando labaredas.
A página
Força Kiko, destinada a apoiar um dos proprietários da boate incendiada,
Elissandro Spohr, recebeu mais de 500 “curtidas” até ontem à tarde. Um
depoimento atribuído à mãe de uma vítima afirma que Kiko não teria tido culpa
no incêndio. Em sua página pessoal, o advogado de Kiko, Jader Marques, critica
a imprensa, governantes e o comando dos bombeiros enquanto procura destacar o
sofrimento pessoal de seu cliente.
– As
redes sociais costumam ser um veículo de expressão, mas podem servir também
como espaço para debate e tentativa de convencimento, ainda que não
necessariamente isso vá fazer com que alguém mude de opinião – avalia a
professora da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e pesquisadora na área
de redes sociais Raquel Recuero.
Segundo
Raquel, o choque de versões pode levar a discussões mais ácidas em ferramentas
como o Twitter e o Facebook. Ela observa que, no Brasil, há uma maior propensão
a debates mais agressivos do que em outros países por razões ainda em estudo. Na
página Força Kiko, por exemplo, um usuário publicou a seguinte mensagem:
– Força
não, forca nele. Tem de apodrecer na cadeia.
Outros,
porém, fazem questão de apontar que a principal responsabilidade pela tragédia
na Kiss é da falta de fiscalização das autoridades.
Polícia
deve ouvir autor de vídeo
Um vídeo
de sete minutos publicado na sexta-feira no YouTube, e que até ontem já somava
mais de 88 mil exibições, levou a Polícia Civil a informar que pretende ouvir o
autor de denúncias de irregularidades na fiscalização de estabelecimentos no
município. A publicação do vídeo se tornou um dos assuntos mais comentados na
cidade.
Em
seu monólogo, o homem identificado como João Batista Veras critica autoridades
e os donos da boate e fala sobre a existência de um supost esquema para liberação
de alvarás na cidade. Em entrevista a ZH, afirmou que não tem provas das denúncias.
– Não
preciso de provas. O que falo é do conhecimento da maioria dos moradores de
Santa Maria – declarou.
Veras
disse ainda que pretende fazer uma versão em inglês do vídeo para que possa ser
assistido por pessoas de outros países.
marcelo.gonzatto@zerohora.com.br
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