21
de fevereiro de 2013 | N° 17350
PAULO
SANT’ANA
Chico e Noel
Que
vitória histórica do Grêmio! Foi criada ontem no Engenhão uma jogada que se
repetiu por seis vezes e que vai se revelar mortífera para os adversários do Grêmio.
Barcos faz o penúltimo toque e o último sempre é de Vargas.
Que
partida do André Santos. Ele é mesmo de Seleção Brasileira. E que segurança nos
inspira Dida no gol.
Grêmio
fantástico.
Ia
me esquecendo: Fernando foi a maior figura da partida.
Muita
gente tem a audácia de achar e referir que Noel Rosa foi muito mais gênio do
que é Chico Buarque de Holanda.
Mas,
observando bem a obra de Noel Rosa, não são tão audaciosos assim os que o põem à
frente de Chico Buarque na galeria dos nossos gênios.
Reparem
bem se essas pessoas têm razão, mas reparem, leiam e releiam esses versos de um
samba célebre de Noel que transcrevo abaixo.
Notem
principalmente a simplicidade da sua beleza:
O
orvalho vem caindo,
Vai
molhar o meu chapéu.
E
aos poucos vão surgindo
As
estrelas lá no céu.
Tenho
passado tão mal,
A
minha cama é uma folha de jornal.
O
meu lençol é um lindo céu de anil
E o
meu despertador é um guarda-civil
Que
o salário ainda não viu...
Eu
próprio, por vezes, acho que Chico Buarque é maior do que Noel Rosa o foi.
Por
sinal, nós temos o defeito de sempre querer saber quem foi o maior, o mais
genial, o mais célebre.
É uma
bobagem nossa. Quase sempre, quando se traça o paralelo entre duas pessoas
ilustres, queremos saber qual delas foi ou é melhor do que a outra.
Bobagem,
as duas são grandes, mas estranhamente queremos destacar quem foi a melhor.
A
obra de Chico Buarque é muito conhecida. Afinal, ele é nosso contemporâneo.
Já a
obra de Noel, apesar de alguns grandes sucessos que se conhece, ficou mais
distante no passado.
Eu
hoje estou para fazer um reconhecimento a Noel. Quero transcrever abaixo a
primeira parte de um samba antológico de Noel, Conversa de Botequim. Notem como
é brasileiro o texto dos seus versos, como são apaixonantemente apropriados à sabedoria
e à expressão populares esses versos inesquecíveis daquele que para mim é o
mais genial samba de Noel (de novo o mais):
Seu
garçom, faça o favor
De
me trazer depressa
Uma
boa média
Que
não seja requentada,
Um pão
bem quente
Com
manteiga à beça,
Um
guardanapo,
Um
copo d’água,
Bem
gelada.
Feche
a porta da direita
Com
muito cuidado
Que
eu não estou disposto
A
ficar exposto ao sol,
Vá perguntar
ao seu freguês do lado
Qual
foi o resultado do futebol.
Que
coisa linda e insuperável o que vocês acabaram de ler! E pensar que Noel Rosa
morreu com 26 anos de idade, enquanto Chico Buarque está no caminho dos 70 anos...
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