14
de fevereiro de 2013 | N° 17343
L. F.
VERISSIMO
Drones e o papa
O
Drone é um sonho de arma. Realiza o ideal de qualquer soldado, que é o de matar
inimigos sem o risco de morrer também. O Drone é controlado a distância, sua “tripulação”
nunca sai do chão e seus ataques são guiados, imagino, por comandos parecidos
com os de um videogame. Foguetes e bombas são disparados dos Drones com simples
toques dos dedões e os resultados aparecem na tela para serem comemorados. Como
nos videogames.
De
certa forma, o Drone é a última etapa de uma evolução que vem vindo desde que a
única arma de guerra era o tacape e os homens buscavam maneiras mais assépticas
de se matarem. Daí inventaram a lança, o arco e flecha, a catapulta, o canhão –
tudo para aumentar a distância entre os guerreiros e evitar os respingos de
sangue. Com o Drone chega-se perto da perfeição. Já se pode liquidar inimigos
da poltrona.
Mas,
ao contrário dos videogames, os Drones matam gente, e indiscriminadamente. Hoje,
não se fala mais em bombardeios “cirúrgicos”, talvez porque estivesse ficando
muito mal para a cirurgia. Os ataques de Drones americanos no Afeganistão
eliminam os alvos e o que estiver por perto, e crescem as estatísticas de
efeitos colaterais como a morte de crianças, entre outros inocentes.
Nos
Estados Unidos, tem havido protestos contra o uso de Drones, mas o presidente
Obama e seu novo secretário da Defesa já disseram que o aprovam. Afinal, até hoje
não há caso de um avanço na tecnologia da guerra que tenha sido suspenso por
motivos humanitários. Ninguém mais usou bombas nucleares depois das de Hiroshima
e Nagasaki, é verdade, mas porque usá-las seria suicídio. Os Drones, à prova de
retaliação, são o exato oposto das bombas nucleares. Que, de qualquer maneira,
continuam estocadas, de prontidão.
A próxima
etapa da evolução pode ser a substituição de soldados por robôs. O ascetismo
chegaria ao máximo e ninguém mais morreria em ação. Pelo menos do lado
americano.
Papa
móvel
Eu não
sabia que papa podia pedir demissão. Aparentemente, Bento não será o primeiro,
houve outros, há muito tempo. Uma questão: papa aposentado continua infalível
ou esta qualidade é do cargo e não do homem? A situação do novo papa pode ser
parecida com a da Dilma com relação ao Lula, que mesmo afastado continua dando
palpite. Guardadas, claro, as devidas proporções.
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