segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013



25 de fevereiro de 2013 | N° 17354
PAULO SANT’ANA

Camarão ao molho de reservas

Estou em Florianópolis e vim assistir ao Gre-Nal aqui na Redação do Diário Catarinense. Estou escrevendo esta coluna tanto para Zero Hora quanto para o Diário Catarinense. Serei publicado hoje pelos dois jornais, pelo que pela primeira vez em minha vida esta coluna tem um caráter hermafrodita.

Faz três dias que flutuo entre delícias dos frutos do mar. Ontem comi um pastel de camarão divino na Praia do Forte, no quiosque do Lobo, o pescador.

Eu disse ao Lobo anteontem que o camarão estava muito pequeno. Ele me disse que eu esperasse, que no dia seguinte ele traria um camarão grande. E como veio grande ontem! Quase sempre, camarão grande é menos delicioso, pois esse tinha melhor sabor do que o pequeno.

O mar é azul e chega a ser maçante de tão quente a água lá em Jurerê. No Havaí e nas Bahamas, onde estive, a água do mar, creiam, estava muito fria. Pois aqui nas praias do norte da ilha catarinense a água é cálida como se fosse o molho da moqueca magistral que me servem à beira-mar.

Ora, este era o cenário propício para eu ver o Grêmio ter uma atuação no Gre-Nal que fosse compatível com sua auréola de grande vencedor do Fluminense.

Mas aí, entre tanto esplendor, culinário e de paisagem e meio ambiente, sobreveio-me a grande decepção: o Grêmio entrava em campo em Caxias com seu time reserva. Que decepção! Não dá para entender essa orientação esdrúxula do Grêmio.

Quase que Dida chegou na bola chutada de pênalti por Forlán: ele chegou a ir na direção do canto desejado pelo uruguaio, por centímetros Dida não atacou.

Não dá para entender por que o Grêmio jogou com os reservas. Nós, torcedores, mergulhamos num tremendo baixo-astral. O Luxemburgo não sente isso, conhece o Grêmio há pouco tempo. Então, ele nem liga para reservas ou titulares, mas nós sofremos na carne a impotência de jogar com os reservas e ver, por exemplo, o Welliton errar aquele gol feito de cabeça, com o goleiro Muriel já batido. Aquele é o tipo de gol errado por um reserva.

Mas o Luxemburgo não sofre nada com a derrota do Grêmio em Gre-Nal. Ele não é gremista, apesar de ser um grande treinador.

Então, Luxemburgo põe reservas num clássico e pouco se lhe dá o sofrimento da torcida tricolor.

Acho que sei por que duas cabeças privilegiadas como as de Fábio Koff e Vanderlei Luxemburgo chegam à conclusão de que o Grêmio tem de jogar dois, não é um só, já são dois Gre-Nais com os reservas.

É a forma que os dois encontram para deixar bem claro ao Inter e aos colorados que o Grêmio está vivendo um clima de ano superior ao do Internacional, participando da Libertadores, enquanto o rival vive apenas o mero Gauchão.

É uma espécie de flauta diretiva subjetiva, só queria que os dois pensassem na torcida, que é obrigada, literalmente obrigada, a torcer por um time reserva. Isso é desumano com a torcida.

E o Internacional, neste momento em que escrevo, fez o segundo gol por Moledo.

Falo por mim: considero um desaforo que me fizeram obrigar-me a trafegar 45 quilômetros para torcer por um Grêmio de reservas. Desaforo.

Se o Luxemburgo fosse gremista, é que ele ia ver o quanto dói qualquer derrota, embora nenhuma análise técnica, nenhuma, se possa fazer e ter alguma permanência ideológica em cima de um jogo de gato contra rato, titulares contra reservas.

Eu considero essa atitude do Grêmio um desvario. Já agora são dois os Gre-Nais perdidos pelo Grêmio este ano, ambos pelo escore de 2 a 1 e ambos jogados por reservas do Grêmio e titulares do Internacional.

Justo é que se conclua que, tivesse jogado com os titulares, o Grêmio teria muito melhor sorte nesses dois clássicos.

Mas, enfim, duas cabeças, duas sentenças, o Grêmio entende que deve jogar com os reservas e isso para mim é um absurdo, ainda mais que há folga ampla até o reinício da Libertadores.

Foi claro, pelo menos pela televisão, o pênalti cometido por Josimar em Douglas Grolli. Não menos claro foi o pênalti de Biteco sobre Forlán na primeira etapa. O juiz, portanto, não teve qualquer influência no marcador.

Continuarei mandando aqui de Florianópolis, esta terra de natureza abençoada por Deus, as minhas próximas colunas, até 1º de março. E vá camarão. E vá siri. E vá moqueca. E vá pastéis com todos os tipos de recheios marítimos.

Que vida! Mas tenho de fazer a coluna. É uma ciência viver bem sem deixar de trabalhar.

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