22
de fevereiro de 2013 | N° 17351
ARTIGOS
- Rejane de Oliveira*
Quem roubou tua
coragem?
No
Brasil, a decisão de falar já levou muita gente à cadeia, ao exílio, à tortura e
até mesmo à morte. Sim, “palavras são navalhas” – como diz o poeta – para os
ouvidos daqueles que têm mãos de ferro. Mas a coragem de romper o silêncio
sempre pode mudar os rumos da História.
Assim
aconteceu durante a ditadura: os sussurros se transformaram em falas que,
juntas, viraram palavras de ordem, e estas, em cantos. Das cantigas surgiram
gritos de guerra dos trabalhadores, que, unidos aos estudantes, ganharam as
ruas e a sociedade.
Até
que a ditadura não mais silenciasse uma só voz sem que milhares se revoltassem.
E foi assim, graças a valorosos companheiros, que abolimos a mordaça. Esses
camaradas que não se vendiam, nem se rendiam, têm um valor inestimável, pois,
sem a sua coragem, quanto tempo poderíamos ter perdido?
Os
trabalhadores em educação aprenderam a não calar diante da injustiça. Não
aceitam a política de cooptação e continuam denunciando o descumprimento de
leis, as contradições entre programas e práticas; promessas e ações; e a falta
de prioridade no atendimento à população com educação, saúde e segurança. Lutam
com independência pela educação e pelos trabalhadores. Agem de acordo com sua
consciência de classe, é claro!
Mas
as palavras dos educadores têm deixado muita gente incomodada. Gente que
aprendeu a se render responde com duríssimas críticas, tratando como nefastas
as alianças feitas com aqueles que sempre estiveram na luta, em defesa dos
trabalhadores.
Ora,
é absolutamente legítimo que discordem dos educadores, que se manifestem, e,
até mesmo, é compreensível que exagerem na veemência das críticas.
Mas
o que não dá para entender é que os mesmos que tanto bradam para condenar a
unidade daqueles que querem lutar agora simplesmente se calem diante de
conchavos completamente à direita, com figuras marcadas por denúncias de corrupção,
como no caso da grande negociata para eleger Renan Calheiros presidente do
Senado.
E um
grande silêncio se instala entre aqueles que não suportam ver o movimento
sindical fazendo a luta e se calam perante uma vergonha nacional. Parece-me que
pela direita, tudo pode. E, pela esquerda, o que resta é a perseguição
política.
*PRESIDENTA
DO CPERS/SINDICATO E DA COORDENAÇÃO DA CUT PODE MAIS
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