ELIANE
CANTANHÊDE
'Apenas um começo'
BRASÍLIA
- Cercada pelo PMDB (Temer, Renan e Henrique Alves), e isso certamente não foi
por acaso, Dilma Rousseff lançou o slogan de sua campanha à reeleição ao
anunciar, na terça, mais uma ampliação do Bolsa Família: "O fim da miséria
é apenas um começo".
Com
essa única frase, brilhante síntese de política e marketing, ela definiu o eixo
da sua estratégia para manter a cadeira no Planalto.
Desde
o fim da ditadura militar, em 1985, o Brasil vem construindo coletivamente -apesar
dos sucessivos protagonistas- os seus principais pilares: democracia,
estabilidade econômica e inclusão social.
Dilma
(ou seria João Santana?) sabe que a inclusão, marca da campanha de 2010, pode já
não dar para o gasto em 2014. Por isso, avisa que acabar com a miséria é "apenas
um começo" e deixa implícito o recado: falta muito e é importante que ela
continue o trabalho "do povo, para o povo, pelo povo", como firmou a
cartilha lançada pelo PT ontem.
O
discurso de Dilma está pronto. O resto, Lula, o PT e o mesmo Santana fazem. E
eles sabem fazer, como se viu pela organização da festança em São Paulo pelos 33
anos do partido e os dez de poder, com o mito Lula, a candidata Dilma e comparações
convenientes com o adversário que eles, talvez equivocada ou precipitadamente,
sempre veem pela frente: o PSDB.
O
tucano Aécio Neves foi obrigado a sair da toca e ler um discurso incisivo no
plenário do Senado, alfinetando as contradições do PT, recriminando comparações
de "conjunturas diversas" e apontando 13 "fracassos" do
governo Dilma.
É assim
que as campanhas presidenciais começam cada vez mais cedo, agora com mais de
ano e meio de antecedência e com uma diferença monumental -de recursos, de exércitos,
de tropas e de repercussão.
A
fala de Dilma foi em São Paulo, com Lula, o PT, os aliados e, repetindo, um marketing
impecável. A de Aécio foi em Brasília e isolada.
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