22
de fevereiro de 2013 | N° 17351
EDITORIAIS
Cidade
vulnerável
A
chuva da última quarta-feira até pode ser definida como um pequeno dilúvio,
concentrado em áreas críticas para o escoamento da água, mas os transtornos por
que passaram os porto-alegrenses refletem também a incompetência do poder
público para proporcionar infraestrutura compatível com as necessidades da
população.
O
caso do conduto Álvaro Chaves é por demais emblemático: com os gastos feitos na
obra, era de se esperar uma garantia maior para os moradores das áreas
atingidas. Até mesmo entidades como o Senge (Sindicato dos Engenheiros do Rio
Grande do Sul) estranham a fragilidade de um empreendimento que consumiu tanto
dinheiro público. A obra custou R$ 59 milhões à municipalidade.
A
prefeitura da Capital diz que vai cobrar da empresa responsável e que também
vai fazer uma representação junto ao Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia (Crea/RS), que fez o acompanhamento técnico, mas é inimaginável supor
que todos os cidadãos prejudicados – e não apenas aqueles que tiveram seus
veículos danificados ou seus estabelecimentos comerciais invadidos pelas águas
– possam ser ressarcidos. Não há como contabilizar tempo perdido, compromissos
descumpridos e encontros adiados.
Porém,
o que causa maior desconforto é a constatação de que a cidade continua
vulnerável a mudanças climáticas repentinas, não apenas nos locais onde se
realizam reformas para a Copa do Mundo, mas também em outros pontos,
incluindo-se aí os arredores do conduto recém construí-do.
Neste
cenário de insegurança, perde força o eterno argumento dos administradores
públicos de que a população não cuida da cidade, joga lixo nas ruas e contribui
para bloquear o escoamento da água acumulada. Certamente, muitos cidadãos precisam
mesmo revisar seus comportamentos, mas isso não lhes tira o direito de cobrar
mais competência dos governantes e dos profissionais que contratam com dinheiro
público.
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