11 de fevereiro de 2013 | N° 17340PÁGINA 10 |
CARLOS ROLLSING (INTERINO)
Lenda
urbana
Não é por acaso a decadência econômica e política do Rio
Grande do Sul. No Estado em que as divergências são insuperáveis, a estagnação
e a inabilidade também conquistam lugar de destaque.
Uma breve pesquisa nos anais da Assembleia ilustra com
maestria a situação. Alguns poderão ficar pasmos, outros revoltados, mas está
registrado, no histórico do Legislativo, o lançamento, no dia 7 de julho de
2000, da campanha pela construção da Rodovia do Progresso, hoje mais conhecida
como ERS-010, como alternativa à BR-116. O significado disso é que há 13 anos
as autoridades políticas do Estado discutem inutilmente a necessidade de tirar
do papel a nova rodovia.
Chega a ser hilariante ler os argumentos transcritos nos
anais da Assembleia. Assim como um disco arranhado, os políticos diziam na
época as mesmas palavras repetidas até hoje.
“Precisamos de uma alternativa”, “a BR-116 é caótica e está
totalmente ultrapassada”, “somos parceiros” e “vamos encomendar estudos” são
algumas das frases prontas que ninguém mais suporta ouvir, afinal, sequer um
palmo de estrada foi construído.
Enquanto isso, o escoamento da produção pela BR-116 é lento
e oneroso, veículos se enfileiram em congestionamentos e os sucessivos
acidentes fazem desta rodovia uma das mais mortais do Brasil. Os anais revelam
que o tema da campanha pela Rodovia do Progresso foi colocado em pauta por
iniciativa do deputado estadual Giovani Feltes (PMDB), que voltou à Assembleia
nesta legislatura.
Logo depois do discurso convicto de Feltes, está registrada
uma mensagem do então secretário dos Transportes do governo Olívio, Beto
Albuquerque, declarando-se parceiro da iniciativa. A Metroplan, na véspera,
havia criado uma comissão para projetar a construção da nova estrada. Ficou só
no discurso. Findado o governo Olívio, assumiu o Piratini Germano Rigotto, do
PMDB de Feltes. Em relação à ERS-010, não aconteceu nada além de estudos
inacabados e licitações que não resultaram em contratos.
O governo Yeda Crusius veio em seguida. Aos trancos e
barrancos, a tucana tentou iniciar a obra baseada em um projeto da Odebrecht.
Como a proposta da época tinha fragilidades, sem falar da instabilidade
política do governo Yeda, logo tudo foi implodido.
Tarso Genro, governando há mais de dois anos, ainda não
decidiu o que fazer. Depois de incontáveis idas e vindas e alterações da
proposta da Odebrecht, ele encomendou, no mês passado, novos estudos e projetos
ao Daer. Treze anos depois, ninguém resolveu. Virou uma lenda urbana. Treze
anos...
CARNAVAL SEM ABUSO
Folga no Carnaval? Não para a ministra dos Direitos Humanos,
Maria do Rosário. O período de folia costuma ser de trabalho para Rosário
devido à finalidade do seu ministério: proteger, garantir direitos e combater
abusos.
Sábado, no Rio de Janeiro, ela se integrou ao Cordão do Bola
Preta, um dos maiores blocos de rua do mundo. Para milhares de pessoas que
participavam da festa, Rosário alertou sobre a necessidade de fortalecer as
redes de proteção a crianças e adolescentes, especialmente para coibir casos de
exploração sexual. A ministra também divulgou a campanha do governo federal
“Não desvie o olhar.
Denuncie. Disque 100”, procurando chamar a atenção da
população para a causa. Serviço prestado pela Secretaria dos Direitos Humanos
da Presidência da República, o Disque 100 funciona 24 horas por dia, mesmo em
feriados e finais de semana. A ligação é gratuita, e as denúncias de casos de
violência são encaminhadas aos órgãos competentes para apurar responsabilidades
e proteger vítimas.
Além do Rio de Janeiro, Rosário esteve em Salvador para
difundir a campanha, que conta com vídeos promocionais, spots de rádio e
impressos.
Em 2012, somente na Bahia, foram feitas 14.556 denúncias de
violação de direitos humanos contra crianças e adolescentes, a maioria por
violência sexual. Aquele Estado concentrou 11% das ocorrências do país.
Especialistas garantem que a BR-448, entre Porto Alegre e
Sapucaia do Sul, em construção pelo governo federal, já nascerá saturada. Mesmo
após o início das suas operações, a ERS-010 continuará sendo necessária para
evitar um colapso na Região Metropolitana.
Ecoam no PT as declarações do deputado federal Beto
Albuquerque (PSB), que admitiu a possibilidade de concorrer ao Senado em chapa
adversária à do governador Tarso Genro. Isso deverá ocorrer caso se confirme a
candidatura de Eduardo Campos à Presidência em 2014. Neste caso, o PSB teria de
deixar a aliança de Tarso para construir o palanque de Campos no Estado. Entre
os petistas, ao menos quatro nomes fortes se colocam como herdeiros da vaga de
postulante ao Senado até então reservada para Beto: a ministra dos Direitos
Humanos, Maria do Rosário, e os deputados federais Marco Maia, Paulo Pimenta e
Henrique Fontana.
ALIÁS
PP e PMDB acompanham atentamente o desgaste na relação entre
Beto Albuquerque e o PT. Tanto progressistas quanto peemedebistas aguardam o
chamado “momento certo” para buscar aproximação com Beto e o PSB.
Como assim?
Presidente do PT, o deputado estadual Raul Pont se declarou
surpreso diante das manifestações de Beto Albuquerque, que admitiu, em
entrevista à repórter Letícia Duarte, a possibilidade de o PSB deixar a aliança
de Tarso Genro.
Pont argumenta ter ouvido do presidente do PSB, Caleb de
Oliveira, a afirmação de que os dois partidos manterão a parceria em 2014. Isso
teria ocorrido na gravação de um programa de rádio, com a presença de ambos.
– Achei estranho. Está gravado. O Caleb disse que o PSB
estaria conosco – comentou Pont.
Como é secretário de Tarso, Caleb ficaria em situação
delicada ao fazer o mesmo discurso de Beto.
Indignado
Ao comentar as impugnações de candidaturas do PT em Novo
Hamburgo e Vacaria, Raul Pont desabafou.
– Há uma perseguição ao PT no Tribunal Regional Eleitoral.
Lá, sempre perdemos por 4 a 3. Para nós, vale o formalismo da lei. Para os
outros, o bom senso.
Lideranças peemedebistas se reunirão em Novo Hamburgo na
sexta-feira para levar apoio ao candidato Paulo Kopschina, esperança do partido
para retomar espaço na Região Metropolitana, dominada pelo PT. O senador e
presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, estará presente.
No aguardo
Em meados de fevereiro, a prefeitura de Porto Alegre ainda
não nomeou os 17 subprefeitos que irão coordenar os Centros Administrativos
Regionais (CARs). A demora se justifica pela intensa disputa entre os partidos,
interessados em ocupar cargos que terão contato direto com a população.
Os subprefeitos terão autoridade, com poder para exigir
soluções de órgãos como Dmae, DMLU e as pastas da Educação, Obras, Saúde e Meio
Ambiente.
Sala de aula
Secretário de Governança, Cézar Busatto (PMDB) acredita que
os subprefeitos serão anunciados em 15 dias. Eles terão o auxílio de um gestor
de democracia e outro de excelência de serviços. No total, serão 51 cargos. O
PDT deverá indicar o coordenador-geral dos CARs, posto também subordinado a
Busatto.
Como terão mais poder, os subprefeitos, depois de
escolhidos, farão um curso intensivo de 50 horas. Vão conhecer os programas
prioritários do governo José Fortunati e irão aprender a utilizar o Portal de
Gestão, onde são armazenadas informações e resultados.
- Valdir Raupp confirmou presença no Encontro de Verão do
PMDB, no próximo sábado, em Tramandaí. O partido aguarda a resposta do
vice-presidente Michel Temer, também convidado.
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