Tocante narrativa sobre amor,
conexão e perda
Os
deixados para trás, do consagrado escritor norte-americano Tom Perrotta, autor
de seis livros de ficção, mostra o talento destacado pela crítica e pelo público.
Duas obras suas foram adaptadas para o cinema, e Pecados íntimos, com Kate
Winslet no papel principal, foi indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado.
Perotta
tem sido elogiado pela forma mordaz como retrata a sociedade contemporânea. Atualmente,
mora em Boston, com a esposa e dois filhos. Os deixados para trás é uma dessas
narrativas de mestre que mostram como ficou o mundo depois do atentado de 11 de
setembro, em Nova Iorque. De repente, sem nenhuma explicação, pessoas
simplesmente desapareceram, sumiram no ar.
Os
que ficaram para trás têm de refazer suas vidas e relacionamentos depois da
estranha partida coletiva. Três anos depois da tragédia ocorrida em 14 de
outubro, os cidadãos da pequena cidade de Mapleton, que perderam parentes,
amigos e vizinhos no esquisito fenômeno, tentam assimilar o golpe e descobrem,
com surpresa, que a vida acaba voltando ao normal. Kevin Garvey é um ex-astro
de futebol americano juvenil de Mapleton e destacado homem de negócios local
que herdou e expandiu a loja de bebidas da família.
Depois
da tragédia e de um abaixo-assinado, ele é eleito prefeito por uma entidade política
recém-formada, o Partido da Esperança. Mesmo sem ter perdido ninguém da família
no desastre, Laurie, a mulher do prefeito, sente-se atormentada e abandona a
família para juntar-se à seita dos Remanescentes Culpados, que prega voto de
silêncio.
Os
adeptos só se vestem de branco, fumam ininterruptamente e acham que têm a missão
de lembrar aos demais o assombroso poder de Deus e que a hora do julgamento
chegou.
Jill,
a filha do casal, antes garota nota dez, abandona as aulas, passa a beber todas
as noites e a refletir sobre como a ausência deforma a mente das pessoas. “Tom
Perrotta faz uma pesquisa perturbadora sobre a reação das pessoas comuns a
acontecimentos extraordinários e inexplicáveis, o poder da família para ferir e
curar e a sutil facilidade com que a fé se transforma em fanatismo.
Lido
como metáfora para o esfacelamento político e social dos Estados Unidos pós 11
de Setembro, esse livro é um diagnóstico depressivamente preciso”, escreveu o
mestre Stephen King. “Perrota é um Tchekov norte-americano”, falou o The New
York Times Book Review.
Mais
não precisa ser dito sobre essa narrativa sobre perda, amor, disputas
religiosas, conexão, trauma coletivo e culpa. Intrínseca, 320 páginas, www.intrínseca.com.br.
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