sexta-feira, 3 de agosto de 2012



Tocante narrativa sobre amor, conexão e perda

Os deixados para trás, do consagrado escritor norte-americano Tom Perrotta, autor de seis livros de ficção, mostra o talento destacado pela crítica e pelo público. Duas obras suas foram adaptadas para o cinema, e Pecados íntimos, com Kate Winslet no papel principal, foi indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado.

Perotta tem sido elogiado pela forma mordaz como retrata a sociedade contemporânea. Atualmente, mora em Boston, com a esposa e dois filhos. Os deixados para trás é uma dessas narrativas de mestre que mostram como ficou o mundo depois do atentado de 11 de setembro, em Nova Iorque. De repente, sem nenhuma explicação, pessoas simplesmente desapareceram, sumiram no ar.

Os que ficaram para trás têm de refazer suas vidas e relacionamentos depois da estranha partida coletiva. Três anos depois da tragédia ocorrida em 14 de outubro, os cidadãos da pequena cidade de Mapleton, que perderam parentes, amigos e vizinhos no esquisito fenômeno, tentam assimilar o golpe e descobrem, com surpresa, que a vida acaba voltando ao normal. Kevin Garvey é um ex-astro de futebol americano juvenil de Mapleton e destacado homem de negócios local que herdou e expandiu a loja de bebidas da família.

Depois da tragédia e de um abaixo-assinado, ele é eleito prefeito por uma entidade política recém-formada, o Partido da Esperança. Mesmo sem ter perdido ninguém da família no desastre, Laurie, a mulher do prefeito, sente-se atormentada e abandona a família para juntar-se à seita dos Remanescentes Culpados, que prega voto de silêncio.

Os adeptos só se vestem de branco, fumam ininterruptamente e acham que têm a missão de lembrar aos demais o assombroso poder de Deus e que a hora do julgamento chegou.

Jill, a filha do casal, antes garota nota dez, abandona as aulas, passa a beber todas as noites e a refletir sobre como a ausência deforma a mente das pessoas. “Tom Perrotta faz uma pesquisa perturbadora sobre a reação das pessoas comuns a acontecimentos extraordinários e inexplicáveis, o poder da família para ferir e curar e a sutil facilidade com que a fé se transforma em fanatismo.

Lido como metáfora para o esfacelamento político e social dos Estados Unidos pós 11 de Setembro, esse livro é um diagnóstico depressivamente preciso”, escreveu o mestre Stephen King. “Perrota é um Tchekov norte-americano”, falou o The New York Times Book Review.

Mais não precisa ser dito sobre essa narrativa sobre perda, amor, disputas religiosas, conexão, trauma coletivo e culpa. Intrínseca, 320 páginas, www.intrínseca.com.br.

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