15 de agosto de 2012 |
N° 17162
EDITORIAIS ZH
RESPOSTA AOS SERVIDORES
Depois de ter recorrido até mesmo
ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, num esforço para conter o ímpeto
dos servidores federais que paralisaram as atividades, particularmente os
ligados a sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), o
governo da presidente Dilma Rousseff começa finalmente a esboçar uma resposta
firme aos grevistas.
O recado, claro, é de que serão
priorizadas categorias com maior defasagem e menores ganhos, não as mais
ruidosas e com maior poder de pressão. Além disso, o Planalto ameaça descontar
os dias parados e não admite qualquer possibilidade de um índice de 22%, como o
pretendido em média pelos funcionários. Parece justo. Os servidores não devem
ser tratados como inimigos dos cidadãos, mas também não podem se constituir em
casta privilegiada.
Cruzar os braços é um direito de
qualquer trabalhador, inclusive do setor público. Por isso, a sociedade não
pode culpar os grevistas nem o governo por tolerar o movimento. Ao contrário do
que costuma ocorrer na iniciativa privada, porém, na esfera governamental os
servidores param quando querem, muitas vezes sem se preocupar em garantir um
mínimo das atividades em funcionamento.
Ao mesmo tempo, dificilmente
sofrem qualquer punição, nem mesmo o desconto dos dias não trabalhados, o que
volta novamente agora como ameaça. A leniência se mantém porque o Congresso,
integrado em boa parte por lobistas de servidores, até hoje não se dispôs a
regulamentar devidamente a lei de greve na área governamental.
O mesmo Congresso tem um papel
relevante a desempenhar neste momento em que milhares de servidores se mantêm
parados, enquanto categorias influentes prometem aumentar a pressão nos
próximos meses, como é o caso de bancários e petroleiros. Por mais que as
reivindicações sejam legítimas, o quadro funcional foi mais do que privilegiado
no governo anterior, gerando consequências que se tornam mais visíveis em
momentos de dificuldades econômicas como o atual.
Desde então, o total de
funcionários saltou de 485 mil para 573 mil. Além disso, a média do custo por
servidor ampliou-se em 170%, enquanto a inflação do período limitou-se a 70%,
criando um descompasso perigoso.
A sociedade, que é quem financia
o pagamento do funcionalismo com o valor dos impostos, não pode arcar com o
ônus da descontinuidade dos serviços, alguns deles de competência exclusiva do
governo federal. Quando isso ocorre, o contribuinte perde duplamente: primeiro
por deixar de ser atendido e, depois, pelo fato de recursos tão escassos para
áreas essenciais ficarem sem controles mínimos, dando ainda mais margem a
deformações.
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