20
de agosto de 2012 | N° 17167
L. F.
VERISSIMO
Tonia
Quem
entrasse na sala da nossa casa naquele momento não acreditaria no que via. Ali
estava a Tonia Carrero, atriz de cinema, teatro e TV, uma das mulheres mais
admiradas do Brasil pelo talento e a beleza, de quatro sobre o tapete
demonstrando um exercício para a coluna que recomendava a todos.
Nada
representava melhor o que era a Tonia do que aquela cena: sua informalidade,
seu cuidado com o próprio corpo e sua preocupação com os amigos – mesmo que
nenhum amigo sequer tentasse imitar sua ginástica.
A
Tonia nunca deixava de nos visitar quando passava por Porto Alegre. Às vezes,
se hospedava conosco, e sua chegada era sempre uma festa. No mesmo dia em que
ficara de quatro para nos animar a fazer exercícios, ela passara um bom tempo
dando uma aula de maquiagem à cozinheira.
Talvez
nenhuma outra grande atriz brasileira tenha se destacado como Tonia tanto pela
beleza quanto pelo currículo artístico. A beleza de Tonia era fulgurante e a
sua longa carreira teatral incluiu comédias antológicas e clássicos e dramas
importantes que ela abrilhantou com sua versatilidade e aquela voz inesquecível.
Decididamente, não é apenas um rosto bonito.
Tonia
Carrero, a Mariinha como a chamam os amigos, está fazendo 90 anos hoje. Olha aí,
Mariinha: o meu abraço inclui os de todo o mundo aqui em casa. Inclusive dos
que já se foram.
Enfado
“Enfadonho”
é uma grande palavra. Nada descreve melhor uma coisa assim, assim...Enfim,
enfadonha – do que a palavra “enfadonha”. Se você disser que alguém é enfadonho
está descrevendo-o com exatidão. Enfadonho não é exatamente chato, tedioso,
cansativo. Enfadonho é enfadonho, a palavra está dizendo.
Por
exemplo: o enorme voto do relator no julgamento do mensalão foi enfadonho – e
ominoso, outra boa palavra. Pelo seu tamanho, o voto do relator já estava
pronto e as defesas não fizeram a menor diferença no seu conteúdo.
O
voto dos outros ministros não será tão grande, mas presumivelmente já estavam
prontos antes das defesas. Os advogados de defesa não só disseram o óbvio – ninguém
sabia de nada, o dinheiro era para caixas 2 etc. – como falaram em vão. A não
ser que dê alguma briga de soco entre os ministros – Data vênia: paft! – será tudo
muito enfadonho até o final.
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