quarta-feira, 29 de agosto de 2012


Por Rodrigo Pedroso e Daniel Rittner | De São Paulo e Brasília

Estiagem vai aumentar o preço da energia em 2013

A forte estiagem que atinge o país deixou os reservatórios das hidrelétricas mais baixos, afetou o preço da energia no mercado livre e deve influenciar o valor das contas de luz dos consumidores cativos - residenciais, industriais e do comércio - no próximo ano.

O nível dos reservatórios do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste está abaixo do normal para esta época do ano. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a capacidade total dos reservatórios do Nordeste encerrou julho com 60,4% de energia armazenada, bem inferior ao nível registrado no mesmo período do ano passado, quando ficou em 79,59%, e no menor nível desde 2003. Com a per-sistência da falta de chuvas, a situação se agravou em agosto. No dia 27, o ONS registrava nível de 53,1% na região.

O sistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal na geração das hidrelétricas, também registrou diminuição considerável: de 80,65% para 66,91%. O nível deste ano é o mesmo de 2010.

O mercado livre, mais suscetível à variação de preços na geração, e que está demandando atualmente mais energia térmica do que em 2011, em função da seca, registrou em julho aumento considerável no preço do megawatt-hora. Segundo a comercializadora Safira Energia, o MWh foi negociado, em média, a R$ 102. No mesmo período de 2011, o preço era de R$ 33.

A queda no nível dos reservatórios e a perspectiva de que a estação chuvosa ainda demore fizeram com que o sistema nacional acionasse outros tipos de matriz energética, como usinas a óleo e gás, que são substancialmente mais caras. O custo maior da energia térmica para atender a demanda só será repassado ao mercado cativo após o vencimento dos contratos anuais firmados pelas distribuidoras.

Para evitar riscos no fornecimento, o nível mínimo dos reservatórios foi elevado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os seguidos atrasos na construção de usinas térmicas da Bertin e a demora na entrada em operação de um parque eólico na Bahia foram as razões para a decisão. O volume de água armazenada nos reservatórios deverá ser mantido em nível acima do que estava originalmente previsto, principalmente na Região Nordeste.

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