Tony Bennett, DJs milionários, música
da boa
Tony
Bennett vem aí, no dia 4 de dezembro, no Teatro do Sesi. Ele disse certa vez
que, depois do rock e de otras cositas, a música tinha acabado. Exagero e frase
de efeito à parte, ele tem bastante razão. Tony, que é um dos maiores (se não o
maior) cantores vivo do mundo, recebeu de Frank Sinatra o título de o melhor. Frank
foi e continua sendo o maior, mas o melhor é, realmente, Tony.
Consta
que a mãe de Frank dizia: canta direito, meu filho, canta como o Tony Bennett. Nesta
época de DJs de muitíssimos milhões de dólares, altíssimas e poucas notas eletrônicas,
pesquisadores espanhóis revelaram o que a gente sempre soube, depois de
examinarem os algoritmos de 464 mil canções lançadas entre 1955-2010.
Eles
constataram que as músicas de hoje apresentam uma variedade menor em acordes,
melodias e timbres, e que tudo soa mais ou menos igual. O melhor período do pop
foi lá pelo final dos anos sessenta, com Beatles e, no Brasil, com a tropicália
e a MPB. Ontem assisti ao filme De-Lovely, que narra a vida e os amores de Cole
Porter, criador de Night and day e outras maravilhas. Há pouco tive o prazer de
curtir o documentário A música segundo Tom Jobim, dirigido por Nelson Pereira
dos Santos e sucesso nas telonas.
Quem
não assistiu e gosta de música mesmo, aproveite. Nada contra ninguém, nada
contra o gosto pessoal, nada contra a liberdade de cada um entregar seus
ouvidos - e o resto do corpo - para o que achar melhor, mas vamos combinar, além
da pesquisa dos espanhóis estar matematicamente correta, ela é um alerta e um
estímulo para todos, músicos e apreciadores.
A
vida é curta, passa depressa, o tempo de ouvir é limitado. Será que vale a pena
pagar tão caro por um único DJ com uns pen drives e alguns poucos aparelhos,
botando no ar sons repetidos, monótonos e sem letras? Será que o volume e o
barulho devem ser esses?
O
Tom Jobim brincava e chamava alguns equipamentos eletrônicos de aporrinholas. No
mais, é aguardar que Tony Bennett, que andou gravando com a Maria Gadú e com a
Ana Carolina, apareça com sua música da boa. Ele é guri ainda, vai fazer só 86
anos e, pelo visto, vai lançar mais uns quatro ou cinco duetos.
É isso:
vamos seguir ouvindo Beatles, Tom, Frank e outros sons que acariciam os ouvidos
em vez de nos deixar surdos. Se você gosta de bate-estaca, de som alto e dessas
músicas de três ou quatro notas, fique à vontade, mas, por favor, não obrigue
os outros a ouvir. Dizem que vão criar uma ONG para distribuir fones de ouvido
para a galera que anda com essas caixas de som no porta-malas. Tô dentro!
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