25
de agosto de 2012 | N° 17172PAMPIANAS |
JULIANA
SPANEVELLO*
Um espelho que reflete a alma
Conheci
no ano passado o Parque Gaúcho, em Gramado. Um parque temático que remete ao
período de formação do gaúcho e aos costumes desse homem, que tem sua formação
no pampa do Rio Grande do Sul, na Argentina e no Uruguai – e que surgiu antes
mesmo da delimitação das fronteiras.
Aos 31
anos, cantando música gaúcha desde os 11 e convivendo com o campo desde criança,
foi, sem dúvida, meu contato mais marcante com a essência da nossa história. Interagi
ali, com o que antes só havia lido nos livros e parecia distante.
Pessoas
do nosso tempo recriaram peças históricas para um memorial, apresentando utensílios
e técnicas utilizadas pelo gaúcho primitivo: o estaqueamento do couro feito com
ossos, o beneficiamento da lã, a produção do charque, o carijo da erva-mate. Tudo
fundamentado em pesquisa e conhecimento histórico, retratando nossas origens
mais primitivas.
Visitei
novamente este lugar há poucos dias e presenciei uma demonstração de como se
davam os primeiros contatos do pampiano primitivo com os cavalos. Mais uma vez,
um sentimento de emoção muito forte me levou às lágrimas, ao ver homem e cavalo
deitados no chão, numa relação de sintonia, respeito e confiança.
Com
o setembro chegando e as pessoas se mobilizando para festejar a Semana
Farroupilha, tenho refletido sobre o que realmente sabemos (e aqui me incluo) da
nossa origem. De onde vem esse orgulho de sermos gaúchos? Lembrei de um verso
do poema Herança, do Aparício da Silva Rillo, que fez ainda mais sentido: “Por
isso um berro de boi nos toca tanto e tão profundamente”.
Que
o setembro farroupilha plante nas pessoas uma sementinha de curiosidade, aguçando
nossa vontade de conhecer a cultura pampiana, de onde viemos e fomos formados. De
ensinar aos nossos filhos o amor pelo nosso chão e o respeito pela história
construída pelos que vieram antes de nós. Na minha geração, um jovem
compositor, chamado Ângelo Franco, já abriu o peito cantando e alertando: “Só cuida
pra onde vai, quem respeita de onde vem”.
*
Cantora
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