ELIANE
CANTANHÊDE
Concorrência
desleal
BRASÍLIA
- Acabou o desfile dos brilhantes e bem remunerados advogados para a defesa dos
38 réus do mensalão. E começou o julgamento em si, com a exposição, ao vivo e
em cores, das divisões e até das implicâncias mútuas dos ministros do Supremo
Tribunal Federal.
Dilma
pode ter lançado ontem o pacote para rodovias e ferrovias para amenizar o
impacto do voto do relator Joaquim Barbosa sobre o PT. O efeito, porém, deve
ter sido outro: o pacote e as manifestações de servidores grevistas ajudaram a
desviar o foco do clima de lavação de roupa suja na mais alta corte do país.
Assim
como Barbosa e o revisor Ricardo Lewandowski bateram boca no primeiro dia,
ontem os dois mostraram que não foi um caso à parte, o clima é tenso e as
divergências vão longe. Como, aliás, já estava claro desde que Lewandowski
avisou que faria um "contraponto" ao relator.
A
diferença é que, naquele primeiro dia, Lewandowski ficou praticamente falando
sozinho, não apenas pelo imenso voto pelo desmembramento do processo mas também
porque só teve apoio nessa tese do ministro Marco Aurélio (que parece estar se
divertindo muito). Já ontem, quem ficou isolado foi Barbosa, quando se disse
agredido pelos advogados e queria retaliar. Seus pares decidiram que é questão
para a OAB, não para o Supremo.
A
impressão é que os ministros mais antigos não gostam uns dos outros e se
deliciam ao se alfinetarem. Mas, se eles se perderem em questiúnculas de ordem,
em provocações e em votos imensos mesmo nos temas mais simples ("não me
toca a angústia do tempo", diz Celso de Mello), vão dar razão ao
presidente do PT, Rui Falcão, para quem o povo não quer saber de mensalão.
A
Olimpíada acabou, mas as maldades da novela continuam e Dilma ainda tem muito
plano para lançar. São metas atingíveis? Se forem como as da Petrobras,
definitivamente não. Mas dão manchete.
elianec@uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário