ELIANE
CANTANHÊDE
Jardim de infância
BRASÍLIA
- Um apelo à presidente Dilma Rousseff: por favor, capriche na escolha dos próximos
ministros do Supremo Tribunal Federal. Tem de agradar o PT e o PMDB, preencher
a cota disso e daquilo? Põe no Turismo. Que tal na Pesca? Mas na corte suprema
do país não dá.
O ex-presidente
Cezar Peluso completa a idade limite em setembro e o atual, Carlos Ayres
Britto, em novembro. O decano Celso de Mello arruma as malas para sair antes do
tempo.
Dos
experientes, vão sobrar dois: Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes. Ambos são
tecnicamente muito respeitados, mas um é do contra e o outro dá a vida por uma
polêmica. Pior: os dois se detestam e olham à volta como se estivessem ilhados.
Até quando Gilmar Mendes e seu pavio curto vão resistir? Será que também vai
pular fora, como Celso de Mello?
Numa
hora, sussurra-se que o relator do mensalão, Joaquim Barbosa, não suporta mais
a pressão e as dores na coluna. Noutra, o revisor, Ricardo Lewandowski, admite
que se sente atropelado pelos colegas de toga e ameaça renunciar. Ora reclama
que não foi consultado sobre o cronograma e o rito do julgamento. Ora que não
combinaram a metodologia dos votos previamente com ele.
Se
diante das câmeras de TV já está esse clima que se vê, pode-se supor como está nos
bastidores. Nervos à flor da pele, cansaço, incômodo pelas longas horas de
exposição pública e, afinal, o peso da responsabilidade diante do que se
convencionou chamar de "o maior julgamento da história do Supremo" ou
do "maior escândalo do governo Lula".
É assim
que o sujeito do tridente gosta. E é quando explodem as vaidades, as falhas
humanas, as disputas internas de poder. Sem falar no mais grave: a falta de
consistência.
Discordar
é preciso, argumentar é fundamental, mas bater boca, fazer birra e rodar a toga
parecem coisa de jardim de infância, não da mais alta corte do país decidindo
sobre a reputação e o destino de 38 cidadãos.
elianec@uol.com.br
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