16
de agosto de 2012 | N° 17163
PAULO
SANT’ANA
Calem-se!
Estou
chegando do estádio exatamente às 21h40min. Chego entre desolado e revoltado.
Desolado
porque perder para a Portuguesa, que nunca ganhou de ninguém neste campeonato e
veio a ganhar do Grêmio em pleno Olímpico, é um desastre. Desolado.
Estou
chegando ao meu trabalho, recém vindo do estádio, revoltado.
Minha
revolta se localiza no fato de que há 20 dias adverti ao Grêmio e à opinião
pública que não podíamos enfrentar um campeonato brasileiro inteiro com Marcelo
Grohe de goleiro.
Essa
minha observação foi fruto de minha experiência de 55 anos em futebol e também
fruto, modéstia à parte, do meu equipamento neuronial, que observou
solitariamente na imprensa gaúcha que Grohe é um goleiro inferior. Além de
minha coragem, que não é fácil fazer tal aposta pública de vaticínio e
analítica. Tem de ter cabelo no peito.
Eu
quero fazer um apelo a todos os jornalistas esportivos que defenderam Marcelo
Grohe nos últimos 20 dias, principalmente dirigido a três participantes do Sala
de Redação, primacialmente ao Cacalo, grande gremista, que apostou comigo que o
Grohe era grande goleiro.
Pois
bem, quando Cacalo elogiou erradamente Marcelo Grohe no jogo do Morumbi, pedi a
Cacalo que me desse três meses para provar que Marcelo Grohe não é goleiro para
a estatura do Grêmio.
Pois
incrivelmente não foram necessários três meses, em apenas três dias, ontem, eu
provei que Marcelo Grohe não é da profissão.
Ontem,
ele falhou nos dois gols da Portuguesa que tiraram do Grêmio, quero crer que
não definitivamente, a chance do G4.
Mas,
no segundo gol da Portuguesa, o erro do nosso goleiro foi indesculpável. A bola
veio fácil porque fraca. O goleiro gremista não tinha sequer o dever de mandar
a bola para a linha de fundo. Ele tinha o dever, isso sim, de segurar aquela
bola mansa.
E o
nosso goleiro, defendido arduamente pelos picaretas da opinião, não segurou a
bola e nem a mandou para escanteio, ele simplesmente passou a bola para o
atacante da Portuguesa marcar o gol da vitória.
Frangaço
subjetivo. Ou melhor, objetivíssimo.
Agora,
o apelo a todos aqueles que na crônica esportiva, mal eu critiquei Marcelo
Grohe, saltaram de suas tocas para defender o goleiro gremista.
Façam
o favor daqui por diante de não opinar sobre futebol se essa opinião me
contrariar. É fácil atingirem isso, basta ver o que escrevi a respeito de
determinado assunto, exemplo Marcelo Grohe, e passem a ter somente duas opções:
ou perfilem-se à minha opinião, aderindo a ela ou singelamente CALEM-SE.
Calem-se
para não virem a ser humilhados como ontem o foram.
Marcelo
Grohe foi o responsável primeiro e único pela derrota ontem.
Por
causa do indigitado goleiro, o Grêmio se despediu acho que definitivamente do
título e quase que talvez do G4 final.
Calem-se
e espelhem-se num cronista certamente velho mas tacitamente talentoso, que
conhece rengo sentado e cego dormindo.
Por falar
em cego, lembre-se a crônica esportiva e o Cacalo: eu nasci para dar luz pra
cego.
E
não me encham nunca mais o saco, pelo menos neste campeonato.
Calem-se.
E
finalmente: estarei hoje, ainda que doente, no Sala de Redação.
Vai
sair faísca, embora o tradicional bom caráter do Cacalo.
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