quarta-feira, 15 de agosto de 2012



15 de agosto de 2012 | N° 17162
PAULO SANT’ANA

Caixa 2 arruinado

O advogado gaúcho Luiz Francisco Corrêa Barbosa, juiz de Direito aposentado, não foi brilhante por ter dito em sua atuação anteontem no Supremo que faltava o ex-presidente Lula da Silva no banco dos réus.

Mas foi brilhantíssimo quando, na defesa de seu réu, o ex-deputado Roberto Jefferson, expôs que seu constituinte, antes de denunciar o mensalão da tribuna do Congresso, procurou José Dirceu e o então presidente Lula a fim de eles estancarem a corrupção.

Quando Barbosa dizia isso anteontem no microfone, os ministros do Supremo em suas tribunas se comoveram visivelmente com o fato narrado pelo defensor: Lula chorou diante de Jefferson. As lágrimas do então presidente da República celebraram um mensalão que já escorria soltamente e Lula parecia então demonstrar que o desastre político e criminal não podia mais ser evitado.

O advogado Barbosa foi brilhantíssimo porque perguntou: “Que mais podia fazer meu cliente? Que mais podia fazer, se denunciou a Lula a trama urdida e realizada?”.

Nada mais podia fazer Jefferson, segundo Barbosa, senão o que veio a fazer: denunciar publicamente o mensalão, eis que Lula só chorou, mas não tomou nenhuma providência.

Disse Barbosa que provava, assim, com seu relato, a inocência de Jefferson.

E a câmera que filmava o julgamento mostrou os ministros do Supremo cabalmente impressionados com o relato e a argumentação de Barbosinha.

Os advogados dos réus do mensalão estão se fixando em classificar o pretenso fato criminal de apenas um caixa 2, infração de pouca ou nenhuma importância.

Mas que caixa 2 foi aquele, há de se perguntar? Caixa 2 que só foi pago com o custeio de campanha eleitoral aos que foram eleitos, aos vários réus do mensalão?

Caixa 2 como auxílio à campanha eleitoral só é possível quando é pago também às centenas dos que não foram eleitos.

E no processo judicial do mensalão não apareceu sequer um não eleito que tivesse recebido o pretenso caixa 2.

Então, está irremediavelmente arruinado o argumento dos advogados de que tudo não passou de caixa 2.

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