terça-feira, 21 de agosto de 2012



21 de agosto de 2012 | N° 17168
PAULO SANT’ANA

Outro escândalo no Detran

A opinião pública do Rio Grande do Sul ficou horrorizada com a reportagem dos jornalistas Francisco Amorim, Humberto Trezzi e o fotógrafo Ronaldo Bernardi, na Zero Hora de domingo, na qual relatam os furtos em escala industrial ocorridos nos carros recolhidos a um depósito do Detran.

Os três jornalistas ficaram de plantão durante 252 horas, nas quais flagraram os ladrões de peças, acessórios e outros equipamentos, além de gasolina, e documentaram os furtos com fotografias irretorquíveis.

O Estado tem de zelar pela segurança das pessoas e pelo patrimônio delas.

No caso desse depósito do Detran, a guarda dos carros recolhidos é da competência do Detran. Mas, em vez de guardar os carros, o Estado oportuniza a que eles sejam dilapidados.

Uma vergonha.

O escândalo é tanto mais grave porque os jornalistas flagraram os ladrões travestidos de funcionários terceirizados do Detran, isto é, os que têm o dever incluso de zelar pelo patrimônio recolhido ou depositado (veículos da empresa terceirizada pelo Detran foram fotografados transportando os furtos).

Uma vergonha.

O mais grave é que nós, este colunista, além de seus leitores, somos testemunhas de centenas de pessoas que se queixam a nós de que são furtadas nos depósitos do Detran.

E mais grave ainda é que o Estado não indeniza nenhuma dessas vítimas por esse dano criminoso e bilionário.

Uma vergonha.

O Cacalo estava, esses dias, trombudo comigo pelo que escrevi sobre os elogios que ele faz ao Marcelo Grohe.

Como eu gosto muito do Cacalo, fui ter com ele e perguntei por que estava zangado comigo. Ele respondeu que a causa era ele ter sido “vítima” de minha coluna.

Esclareci ao Cacalo que era melhor ser vítima da minha coluna do que ser herói de David Coimbra.

A diferença entre mim e os meus amigos é que eles, diante de certos fatos humanos, quase choram, enquanto eu desato em pranto convulso.

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