21
de agosto de 2012 | N° 17168
DAVID
COIMBRA
Como ser feliz
A
felicidade não é o sucesso. Nem a realização. Não é o reconhecimento. Nem mesmo
o amor romântico, tão consagrado pela música popular e pelo cinema.
A
felicidade é a ausência de sofrimento.
Mas,
se a vida é uma sequência de perdas e sofrimentos, às vezes físicos, às vezes
morais, como alcançar a felicidade?
Pela
resistência. Pela capacidade de suportar o sofrimento. Você sofre, porque todos
sofrem, espera, tem paciência, espera, espera, paciência... e o sofrimento
passa. Então, você se sente feliz.
Sempre
achei que os boxeadores são especialmente dotados dessa capacidade. Porque, no
boxe, mais do que bater, o lutador deve saber apanhar. Muhammad Ali detinha
esse poder como nenhum outro, e era assim que vencia seus combates. Chegou a
suportar 12 rounds com o maxilar quebrado, nos anos 70. Não por acaso, muitos o
consideram o maior pugilista de todos os tempos.
Mas
a história pessoal de muitos boxeadores mostra o contrário. Mike Tyson, Jake
LaMotta, Carlos Monzon e vários outros foram bem-sucedidos no ringue e nem
tanto na vida – os três passaram algum tempo na cadeia. O que mostra que a dor
física não é o principal tipo de sofrimento. O sofrimento espiritual de Tyson,
LaMotta e Monzon era maior do que os castigos que os adversários seriam capazes
de lhes infligir entre as cordas.
Isso
me faz admirar ainda mais os grandes jogadores de futebol do Brasil. A pressão
a que eles são submetidos não é pequena. Cada gesto deles, cada palavra, cada
movimento é avaliado e julgado todos os dias. Ninguém, no Brasil, é tão
criticado, alvejado e, não raro, espezinhado como eles.
E
eles resistem. Não todos, é claro. Refiro-me aos grandes. Que capacidade eles têm
de absorver os golpes e seguir em frente! Como um Muhammad Ali resistindo 12
assaltos com o queixo quebrado. Só que eles são maiores, porque a dor psicológica
é maior.
Os
grandes jogadores de futebol do Brasil. Parecem homens pueris, mas eles têm
algo a nos ensinar.
Quem
vencerá o Gre-Nal
Quando
alguém diz que em Gre-Nal não existe favorito, respondo que existe. É óbvio que
existe.
Sempre
que existe um favorito.
Quando
não existe, não existe.
O
Gre-Nal do próximo domingo, por exemplo, é um Gre-Nal sem favoritos. As valências
de cada time são semelhantes. O Grêmio está melhor na tabela do campeonato, mas
o Inter só agora é que começa a contar com seus melhores jogadores. O Grêmio
vem azeitando essa equipe há algumas semanas, mas jogará na quarta-feira,
enquanto o Inter terá o tempo todo para treinar.
Quem
terá mais chances de ganhar?
Vou
dar a resposta que deu Alexandre Magno no leito de morte, no auge dos 33 anos
de idade e da conquista do mundo, Alexandre já expirando, mas ainda invencível,
modelo para os generais de todo o planeta e de toda a História, de Napoleão a Júlio
César, pois quando seus generais se acercaram dele e quiseram saber:
– Quem
será o herdeiro do seu império?
Alexandre
tomou o fôlego derradeiro e respondeu:
– O
mais forte.
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