26
de agosto de 2012 | N° 17173
VERISSIMO
Em Marte
A
Nasa está escondendo, mas a tal sonda-robô mandada a Marte já encontrou sinais
de vida no planeta vermelho. Mais do que sinais de vida, encontrou um ser vivo.
Mais do que um ser vivo, encontrou vários seres vivos, que, no momento, cercam
o artefato que pousou entre eles de surpresa e tentam comunicar-se com ele. A
Nasa tem censurado as fotos mandadas pelo robô em que aparecem os marcianos à
sua volta e está tentando interpretar o que eles dizem, numa língua que parece
o ídiche com mais consoantes.
Até
agora os técnicos da Nasa conseguiram decifrar apenas alguns trechos do que os
marcianos estão dizendo para o robô e comentando entre si. Já identificaram
frases inteiras, como: “Alô, como é seu nome?”, “De onde você veio?” e “Quem
vai pagar este estrago no meu quintal?”.
Os
marcianos parecem amistosos, mas ficam cada vez mais impacientes com o
laconismo do robô, que não responde nem a perguntas simples como “Você quer
água?” ou “Tem fome?” ou “Precisa ir ao banheiro?”.
Os
marcianos estão perto de concluir que o estranho em seu meio vem de um planeta
em que ainda não desenvolveram a fala, o que dirá a boa educação. Comentam a
aparência física do estranho.
–
Rodas em vez de pernas. Interessante.
– Odiei
a roupa.
–
Como será que eles se reproduzem?
– Só
você para pensar nisso...
–
Curiosidade científica!
–
Devem usar esta haste com uma bola na ponta.
–
Não, isso é o olho.
–
Vocês já notaram que até agora ele não piscou?
–
Deve estar aterrorizado. Não sabe onde veio cair.
–
Vamos fazer uma demonstração de paz, para ele sentir que está entre amigos.
Atenção: abraço coletivo. Todo mundo. Iei!
–
Cócegas não, que ele pode ficar irritado.
–
Vocês viram só? Nenhuma reação.
–
Ele parece uma máquina!
O
consenso entre os marcianos é que o ser que caiu do céu vem daquele planeta
azul que eles chamam de Schlops, que – isto é pura especulação dos tradutores
da Nasa – também é a palavra deles para “titica”.
Os
marcianos nunca tiveram muito interesse em conhecer melhor o planeta azul e
agora, depois da experiência ruim com aquele seu antipático representante, têm
menos interesse ainda. Não querem nem imaginar como são seus semelhantes.
Decidem
levar o visitante para um hospital, para ele se recuperar do choque, se
alimentar e, se possível, começar a se comportar com um pouco mais de
civilidade. Só quem protesta é o dono do terreno onde o estranho pousou.
–
Quero ver quem vai pagar os estragos no meu quintal!
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