24
de agosto de 2012 | N° 17171
PAULO
SANT’ANA
Escore
suficiente?
Tive
ontem uma dúvida atroz: se o resultado final de uma votação sobre um réu do
mensalão for de 5 a 4 pela condenação, ele estará condenado?
Faço
essa pergunta porque todos os dias leio em jornais diferentes que são
necessários seis votos para condenar um réu do mensalão.
Mas
eu amplio minha pergunta: será que está a imprensa afirmando que são
necessários seis votos para condenar porque se baseia no quórum total do
Supremo (11 ministros) ou, caso haja condenação por 5 a 4, não se levará em
conta o quórum total e será levada a efeito a condenação?
Ontem,
perguntei ao Cláudio Brito a respeito. O Brito refletiu bastante e depois
respondeu, mas sem convicção, que 5 a 4 é escore que pode condenar.
Mas
o Brito me disse inconvictamente. Então transfiro a pergunta, neste instante,
ao ex-ministro do STF Paulo Brossard de Souza Pinto, que reside em Porto
Alegre. O ministro Brossard pode responder-me por telefone ou por e-mail, caso
queira me conceder essa honra.
Mas
agora, enquanto escrevo esta coluna, Cláudio Brito, uma hora mais tarde,
certamente depois de ter consultado seus alfarrábios, me afirmou o seguinte: o
Supremo se reúne e delibera com o quórum mínimo de seis ministros. E que,
portanto, um réu pode ser condenado por 4 a 2, até.
Ainda
assim, se o ex-ministro Brossard quiser se estender mais a respeito, eu lhe
ficaria muito grato.
Interessante
é que não há outra forma de fazer Justiça que não seja por escore de votação.
Muitas
vezes, a sorte de um réu ou de qualquer demandante é decidida por um voto de
vantagem ou desvantagem.
É
muito raro, no Tribunal do Júri ou no Supremo, em qualquer instância que não
seja singular, uma das partes em litígio não obter sequer um voto favorável,
digamos um 11 a 0, um 7 a 0, coisa assim.
Ou
seja, quase sempre há votos discordantes.
A
raça humana não descobriu ainda, nos juízos coletivos, outra forma de decidir
que não seja pelo escore.
O
treinador Vanderlei Luxemburgo, perguntado por um repórter, logo após Coritiba
3 a 2 Grêmio, se temera, quando estava 3 a 1, que o Grêmio fosse
desclassificado, respondeu que em nenhum momento temeu, acreditou sempre na
classificação gremista.
Digo
ao meu amigo Luxemburgo que conte outra. Eu estava esbugalhado de medo e de
decepção: não houve quem não temesse, tanto que a classificação só veio no
último minuto.
Pô,
Luxemburgo, não queira parecer destemido!
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