quarta-feira, 22 de agosto de 2012



22 de agosto de 2012 | N° 17169
ARTIGOS - Luis Felipe Nascimento*

O prazer é gordo, a beleza é magra

Pergunte a amigos: “Se encontrasses o gênio da lâmpada, que pedidos farias?”. Prazer (compras, comida, bebida, viagens, amor e sexo), beleza (corpo escultural e aparência de celebridade), sucesso (dinheiro, fama, poder, ser o melhor do mundo em algo) e boa vida (ócio, saúde, luxo e conforto)... isto seria a felicidade plena!

Eles não são exceções, este é o imaginário dos que, mesmo sem o gênio da lâmpada, sonham em ganhar na Mega Sena ou esperam que um grande lance dê certo para viabilizar seus desejos.

Mas juntos esses desejos são impossíveis, pois se contrapõem: o “prazer é gordo” e a “beleza é magra”. As magras e os musculosos não comem gorduras e doces e talvez nem tomem uma cervejinha gelada no churrasco de final de semana. Não há milagre que torne magro, forte e saudável quem se entrega aos prazeres de comer e beber.

Celebridades são vistas em mansões e iates, mas poucos sabem que a cena pode haver acontecido em um dos seus raros momentos de lazer. O “sucesso é sofrido” e a “boa vida é preguiçosa”, eles não combinam. Para se destacar em qualquer área, é preciso se dedicar muito. Quem já alcançou o sucesso e passa a desfrutar da “boa vida” entra na descendente, pois o esforço para manter o alto desempenho não permite relaxar.

Se não dá para ter, ao mesmo tempo, beleza, prazer, sucesso e boa vida, por que então tantos sofrem perseguindo esse sonho?

Imagine agora um novo paradigma, pelo qual a beleza não está nas medidas do busto, quadril ou na barriga tanquinho, mas no jeito de ser e valores, na alegria e energia transmitida, na amizade e solidariedade demonstrada. O prazer não está no consumo, mas nas boas ações, nos sorrisos e nas gentilezas.

O sucesso não é acumular dinheiro e troféus, mas fazer o bem e tornar os outros felizes. A boa vida não é o ócio, mas sim trabalhar no que e com quem se gosta, com liberdade para desenvolver todo seu potencial. Ainda é necessário muito esforço para atingir esses objetivos, mas as motivações e as recompensas são outras. Muitos dirão que isto é uma ficção. Agora, pense no que é mais fácil de se tornar real: esta “ficção” ou o gênio da lâmpada?

O novo paradigma é um sonho de quem não quer mais o mundo como ele está, quer transformá-lo; que não espera pelo gênio da lâmpada ou pela Mega Sena e, por pouco que seja, faz a sua parte e estimula outros a construí-lo!

*COORDENADOR DO GRUPO DE PESQUISA EM SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO – PPGA/EA/UFRGS

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