18
de agosto de 2012 | N° 17165
PAULO
SANT’ANA
Inocentes abatidos
Fui
procurado esta semana por um cidadão porto-alegrense que me contou o seguinte. Ele
foi multado por estar embriagado no volante.
Só um
detalhe: ele não estava embriagado e nunca bebeu sequer uma gota de bebida alcoólica.
Multaram-no
em mais de R$ 900, sem o uso do bafômetro.
Até aí,
já tem meia prepotência, mas tem mais.
O
cidadão multado injustamente fez então o que se faz civilizadamente. Recorreu
da multa e expôs todos os motivos e circunstâncias da injustiça que sofreu. Escreveu
tudo no recurso.
E,
logicamente, como aconteceu com a quase totalidade dos recursos que ingressam
nas famigeradas Jaris, que julgam esses expedientes, o recurso da nossa vítima
de prepotência foi indeferido.
A
finalidade precípua, parece que única, dessa instância recursal é a de
indeferir os recursos.
Tendo
sido indeferido o recurso, como acontece com montanhas de recursos que têm
indeferimento em volume industrial, o cidadão recorreu obviamente a este
colunista.
Eu
quero dizer que de vez em quando eu consigo salvar alguém que está se afogando.
Mas
a minha corda de salvar afogados é curta, tem só 10 metros. Na maioria das
vezes, a minha corda não alcança os afogados, cujos peraus em que se vitimam
medem mais de 10 metros.
É quase
certo que não vou conseguir salvar esse afogado que foi injustamente multado.
Mas
também é quase certo que, depois desta coluna, muitos esbirros que multam no
Rio Grande do Sul vacilarão antes de cometer injustiças como essa.
E
também é quase certo que a sujeira das Jaris, que consiste em somente indeferir
os recursos, sem examiná-los, vai diminuir sensivelmente depois desta coluna.
E um
dia vão ter de acabar os governantes com esse escândalo de órgãos julgadores de
recursos somente indeferirem, vão também ter de deferir os recursos justos.
Vão
ter de acabar com essa nojeira.
É por
isso que os motoristas reclamam, não para que não os multem quando estiverem
errados ao dirigir. Os motoristas reclamam, isto sim, pela tropelia em
indeferirem recursos de indiscutível procedência.
Ninguém
quer que agentes do trânsito não multem infratores, ninguém quer que Jaris
defiram todos os recursos, assim na forma escandalosa como os indeferem às
centenas de milhares.
O
que se quer é que parem alguns dos muitos agentes de multar inocentes e parem
os membros de Jaris de recusar e indeferir recursos de motoristas inocentes.
Parem
com isso, seus atrabiliários, seus autoritários, seus falsários da verdadeira
justiça, envergonhem-se do que fazem todos os dias em nossas ruas e estradas.
Esta
coluna não visa a atingir, de maneira nenhuma, os agentes da lei que procedem
com lisura ao punir motoristas faltosos.
Visa
a atingir somente os agentes que com perdulária injustiça cometem diária e
constantemente intencionais prepotências ao multar motoristas que não cometeram
nenhuma infração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário