segunda-feira, 6 de agosto de 2012



06 de agosto de 2012 | N° 17153
LONDRES 2012 - ATLETISMO

E o vento levou

Em Pequim, Fabiana Murer era a própria indignação. Em Londres, o próprio desalento. Em Pequim, Fabiana perdeu uma de suas varas, se desconcentrou e saltou abaixo do esperado. Era vista depois da prova caminhando de um lado para outro na pista, reclamando com os juízes, esbravejando. Em Londres, a campeã mundial se assustou com o vento forte e simplesmente desistiu de saltar.

– Era muito perigoso – justificou.

Foi vista andando a esmo pela pista, como se não soubesse o que pensar.

Em Pequim, Yelena Isinbayeva ofereceu uma de suas varas a Fabiana a fim de substituir a que se perdeu. Fabiana não aceitou, a russa saltou e ganhou a medalha de ouro. Em Londres, ventava também para Yelena, mas ela não se importou. Saltou. E hoje salta para tentar outro ouro.

O vento também empurrava para trás Mauro Vinícius da Silva, o “Duda”, paulista de 25 anos, que disputava a final do salto em distância no sábado. Como Yelena, ele nem ligou. Saltou. Mas ficou abaixo do seu rendimento normal, com apenas 8m01cm. Mesmo assim, recusou-se a usar o vento como desculpa e até fez uma pequena crítica a Fabiana:

– Não sou de fazer isso. Assumo minha responsabilidade.

Está certo o Duda. Afinal, assim como ventava para Yelena e Fabiana, ventava para o britânico Greg Rutherford, seu adversário no salto em distância. Pois, ainda que contra o vento, Greg saltou melhor do que Duda, fez 8m31cm e recebeu a medalha de ouro na pista do Estádio Olímpico, orgulhoso, ao som de God Save The Queen.

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