sábado, 4 de agosto de 2012



05 de agosto de 2012 | N° 17152
O CÓDIGO DAVID

Gomorra olímpica

Antes da Olimpíada, Hope Solo, a goleira de olhos verdes da seleção de futebol americana, deu uma entrevista contando o que acontece entre lençóis na Vila Olímpica. Disse, Hope Solo, que o intercâmbio sexual entre os atletas é muito livre, muito fácil. Pudera: em geral ali estão jovens disponíveis, com corpos saudáveis e bem formados, e que, naquele ambiente, só precisam perguntar “de onde você é?” para abordar um eventual parceiro do sexo oposto.

As revelações de Hope Solo fizeram com que as pessoas olhassem para a Vila Olímpica como se o lugar fosse uma espécie de cidade irmã de Gomorra. Os jornalistas vivem fazendo comentários maliciosos quando passam de ônibus pela Vila. E, outro dia, vi torcedores enrolados na bandeira da Grã-Bretanha, tirando fotos dos prédios ao longe e comentando:

– Ah, se eu estivesse lá...


Deus salve a Rainha
Isso da família real é um charme. Decidi que, se for realizado novo plebiscito para escolher o sistema de governo no Brasil, vou votar na monarquia.

Mas tem que ser essa rainha daqui. Outra, não aceito.

Bruxinha boa

A imprensa inglesa está encantada com um fenômeno social que eles chamam de “Efeito Hermione”. Hermione é aquela bruxinha do Harry Potter interpretada por Emma Watson (foto). Ocorre que, como Hermione, os jovens britânicos estão se comportando com maior responsabilidade em relação à própria saúde. Pesquisas (os ingleses adoram uma pesquisa) demonstraram que o número de jovens entre 11 e 15 anos que experimentaram drogas, álcool e cigarro vem caindo alegremente nos últimos 10 anos. Os dados:

Que experimentaram drogas: de 29% para 17%.

Que beberam álcool na última semana: de 26% para 12%.

Que fumaram um cigarro na última semana: de um entre 10 para um entre 20 jovens.

Bem que os brasileiros podiam imitar o Velho Mundo nesse particular.

Mulher sem defeitos

Ela era uma mulher tão espetacular, que até de poncho enlouquecia os homens. Lu. Esguia, mas de corpo sinuoso, olhos brilhantes que não eram azuis, mas deveriam ser. Sorridente. Meiga. E, para arrematar, inteligente. Mestre em Física. Uma cientista!

– A Lu tem que ter um defeito – dizia Mariano para os amigos. – Um só!

Parecia não ter. Mariano nem acreditou, no dia em que ela se interessou por ele. Quando começaram a namorar, pensou: agora vou descobrir o defeito dela. Mas os defeitos não apareciam. Na cama, Lu era uma Messalina; nos encontros sociais, uma Lady Di; no trabalho, uma Angela Merkel; com os necessitados, uma Madre Tereza.

Lu não reclamava quando ele saía com os amigos, cuidava dele quando ele voltava de porre, jamais levantava a voz, não sentia ciúme, não se atrasava, gostava dos mesmos filmes, das mesmas comidas e do mesmo time que ele. Era perfeita! Mariano repetia isso nos bares, para os amigos:

– Ela é perfeita demais, certinha demais. Não tem um único defeito. Tem algo errado nisso!

Aquela perfeição toda passou a incomodá-lo. Ele a provocava para irritá-la, chegava tarde, bebia em demasia, e nada a abalava. Ela não se queixava, ela se mantinha impávida e tranquila. Era terrível.

Uma madrugada, quando Mariano estava com os amigos numa churrascaria, ele engoliu 200 mililitros de chope de um único gole e anunciou:

– Vou me separar!

Ficaram todos cristalizados entre picanhas e linguiças com pimenta. Mas por quê?, gritaram. Por quê? Por quê???

– Ela é perfeita demais! – Mariano balançava a cabeça. – Ela não tem um único defeito! Todos vocês podem se queixar da suas mulheres. Todos vocês podem sair por aí, jogar bola com os amigos, beber, farrear e até assediar outras mulheres sem culpa. Eu não! Eu estou preso, porque a minha mulher não tem defeitos. É horrível isso! Horrível!

E estava a ponto de chorar, quando Eduardo pôs a mão em seu ombro:

– Mas o defeito dela é justamente esse, amigo.

Mariano levantou a cabeça, sem entender nada, e Eduardo prosseguiu:

– Ela não tem defeitos, é uma mulher perfeita. Você pode se queixar disso todos os dias, e nós não!

Mariano então sorriu. Abraçou o amigo. Seu casamento estava salvo! Finalmente ele havia descoberto o defeito de Lu!

O que não há

O que quase não se vê pelas ruas de Londres:

1. Crianças desacompanhadas.

2. Motos – suponho que por causa do frio.

3. Cachorros soltos. Talvez porque exista carrocinha. A dúvida que resta é: eles fazem sabão dos prisioneiros?

Império

No tempo da Rainha Vitoria, a Inglaterra era “o império onde o sol nunca se põe”. A Ilha dominava 25% da população mundial, e foi a partir dessa dominação que o inglês se transformou na língua mais internacional do planeta. Se os portugueses tivessem sido mais competentes no século 16, nós não teríamos que gastar tanto em cursos de inglês e os britânicos é que teriam de aprender as sutilezas da mais bela flor do Lácio.

Bem. Mas não foi o que aconteceu. O que aconteceu foi um império britânico de 300 anos, que só se esfarelou com as guerras mundiais. Niall Ferguson conta essa história no ótimo livro Império – como os britânicos fizeram o mundo moderno, da editora Planeta. É uma excelente obra para se conhecerem os métodos civilizadores ingleses, como os que eles empregaram no chamado Continente Negro. Leia esse trecho para saber com quem está lidando:

“Em toda a África, a história se repetiu: chefes enganados, tribos espoliadas, heranças entregues com uma impressão digital ou um X trêmulo e qualquer resistência ceifada pela metralhadora Maxim.

Uma a uma, as nações da África foram subjugadas – os zulus, os matabeles, os mashodas, os reinos do Níger, o principado islâmico de Kano, os dincas e os massai, os muçulmanos sudaneses, os Benin e os Bechuana. No início do novo século, a divisão estava feita.”

Nenhum comentário: