05
de agosto de 2012 | N° 17152
O
CÓDIGO DAVID
Gomorra
olímpica
Antes
da Olimpíada, Hope Solo, a goleira de olhos verdes da seleção de futebol
americana, deu uma entrevista contando o que acontece entre lençóis na Vila
Olímpica. Disse, Hope Solo, que o intercâmbio sexual entre os atletas é muito
livre, muito fácil. Pudera: em geral ali estão jovens disponíveis, com corpos
saudáveis e bem formados, e que, naquele ambiente, só precisam perguntar “de
onde você é?” para abordar um eventual parceiro do sexo oposto.
As
revelações de Hope Solo fizeram com que as pessoas olhassem para a Vila
Olímpica como se o lugar fosse uma espécie de cidade irmã de Gomorra. Os
jornalistas vivem fazendo comentários maliciosos quando passam de ônibus pela
Vila. E, outro dia, vi torcedores enrolados na bandeira da Grã-Bretanha,
tirando fotos dos prédios ao longe e comentando:
– Ah,
se eu estivesse lá...
Deus
salve a Rainha
Isso
da família real é um charme. Decidi que, se for realizado novo plebiscito para
escolher o sistema de governo no Brasil, vou votar na monarquia.
Mas
tem que ser essa rainha daqui. Outra, não aceito.
Bruxinha
boa
A
imprensa inglesa está encantada com um fenômeno social que eles chamam de
“Efeito Hermione”. Hermione é aquela bruxinha do Harry Potter interpretada por
Emma Watson (foto). Ocorre que, como Hermione, os jovens britânicos estão se
comportando com maior responsabilidade em relação à própria saúde. Pesquisas
(os ingleses adoram uma pesquisa) demonstraram que o número de jovens entre 11
e 15 anos que experimentaram drogas, álcool e cigarro vem caindo alegremente
nos últimos 10 anos. Os dados:
Que
experimentaram drogas: de 29% para 17%.
Que
beberam álcool na última semana: de 26% para 12%.
Que
fumaram um cigarro na última semana: de um entre 10 para um entre 20 jovens.
Bem
que os brasileiros podiam imitar o Velho Mundo nesse particular.
Mulher
sem defeitos
Ela
era uma mulher tão espetacular, que até de poncho enlouquecia os homens. Lu.
Esguia, mas de corpo sinuoso, olhos brilhantes que não eram azuis, mas deveriam
ser. Sorridente. Meiga. E, para arrematar, inteligente. Mestre em Física. Uma
cientista!
– A
Lu tem que ter um defeito – dizia Mariano para os amigos. – Um só!
Parecia
não ter. Mariano nem acreditou, no dia em que ela se interessou por ele. Quando
começaram a namorar, pensou: agora vou descobrir o defeito dela. Mas os defeitos
não apareciam. Na cama, Lu era uma Messalina; nos encontros sociais, uma Lady
Di; no trabalho, uma Angela Merkel; com os necessitados, uma Madre Tereza.
Lu
não reclamava quando ele saía com os amigos, cuidava dele quando ele voltava de
porre, jamais levantava a voz, não sentia ciúme, não se atrasava, gostava dos
mesmos filmes, das mesmas comidas e do mesmo time que ele. Era perfeita!
Mariano repetia isso nos bares, para os amigos:
–
Ela é perfeita demais, certinha demais. Não tem um único defeito. Tem algo
errado nisso!
Aquela
perfeição toda passou a incomodá-lo. Ele a provocava para irritá-la, chegava
tarde, bebia em demasia, e nada a abalava. Ela não se queixava, ela se mantinha
impávida e tranquila. Era terrível.
Uma
madrugada, quando Mariano estava com os amigos numa churrascaria, ele engoliu
200 mililitros de chope de um único gole e anunciou:
–
Vou me separar!
Ficaram
todos cristalizados entre picanhas e linguiças com pimenta. Mas por quê?,
gritaram. Por quê? Por quê???
–
Ela é perfeita demais! – Mariano balançava a cabeça. – Ela não tem um único
defeito! Todos vocês podem se queixar da suas mulheres. Todos vocês podem sair
por aí, jogar bola com os amigos, beber, farrear e até assediar outras mulheres
sem culpa. Eu não! Eu estou preso, porque a minha mulher não tem defeitos. É
horrível isso! Horrível!
E
estava a ponto de chorar, quando Eduardo pôs a mão em seu ombro:
–
Mas o defeito dela é justamente esse, amigo.
Mariano
levantou a cabeça, sem entender nada, e Eduardo prosseguiu:
–
Ela não tem defeitos, é uma mulher perfeita. Você pode se queixar disso todos
os dias, e nós não!
Mariano
então sorriu. Abraçou o amigo. Seu casamento estava salvo! Finalmente ele havia
descoberto o defeito de Lu!
O
que não há
O
que quase não se vê pelas ruas de Londres:
1.
Crianças desacompanhadas.
2.
Motos – suponho que por causa do frio.
3.
Cachorros soltos. Talvez porque exista carrocinha. A dúvida que resta é: eles
fazem sabão dos prisioneiros?
Império
No
tempo da Rainha Vitoria, a Inglaterra era “o império onde o sol nunca se põe”.
A Ilha dominava 25% da população mundial, e foi a partir dessa dominação que o
inglês se transformou na língua mais internacional do planeta. Se os
portugueses tivessem sido mais competentes no século 16, nós não teríamos que
gastar tanto em cursos de inglês e os britânicos é que teriam de aprender as
sutilezas da mais bela flor do Lácio.
Bem.
Mas não foi o que aconteceu. O que aconteceu foi um império britânico de 300
anos, que só se esfarelou com as guerras mundiais. Niall Ferguson conta essa
história no ótimo livro Império – como os britânicos fizeram o mundo moderno,
da editora Planeta. É uma excelente obra para se conhecerem os métodos
civilizadores ingleses, como os que eles empregaram no chamado Continente
Negro. Leia esse trecho para saber com quem está lidando:
“Em
toda a África, a história se repetiu: chefes enganados, tribos espoliadas,
heranças entregues com uma impressão digital ou um X trêmulo e qualquer
resistência ceifada pela metralhadora Maxim.
Uma
a uma, as nações da África foram subjugadas – os zulus, os matabeles, os
mashodas, os reinos do Níger, o principado islâmico de Kano, os dincas e os
massai, os muçulmanos sudaneses, os Benin e os Bechuana. No início do novo
século, a divisão estava feita.”
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