01
de junho de 2012 | N° 17087
PAULO
SANT’ANA
Nove meses antes
Chega
a ser impressionante o que se conhece só agora: a coleção de pessoas
importantes da República que eram amigos próximos do contraventor Carlos
Cachoeira. Ele dividia mesas de bar, escritórios, os mais diferentes lugares
para encontros com muitos dos mais importantes vultos da política nacional,
preferencialmente, é claro, os de Goiás. E telefonava todos os dias para todos
eles.
E
seus tentáculos de amizade interesseira se espalhavam por outros Estados e
formavam uma teia sólida em Brasília, senadores, deputados, governadores,
presidentes e diretores de autarquias, empresas públicas, secretarias de Estado
e ministérios.
E,
no entanto, não passava, em última análise, de um banqueiro do jogo do bicho.
Mas
o que deu de propina e presentes para os governantes e demais políticos foi uma
fortuna.
Como
é que a vida de um homem consegue desabar de uma hora para outra? Resta agora só
saber o número dos que vão ser apanhados como tendo recebido os presentes e a
propina.
Perguntei
ao Lauro Quadros, ontem, se ele é isento politicamente. Ele respondeu que é isento.
Então
eu disse: “Pois eu não sou isento. De uns tempos para cá, estou torcendo por
uma entidade. Se ela pudesse candidatar-se como partido político nas eleições,
eu votaria nela. Eu, de uns tempos para cá, deixei de ser isento e me fanatizei
por um ente: o Supremo Tribunal Federal. Sou torcedor convicto do Supremo
Tribunal Federal. Até que ele me decepcione.
E,
no dia em que ele me decepcionar, então morrerão todas as minhas esperanças de
que o Brasil se torne uma grande e digna nação”.
Em
meio à transmissão de Brasil x Estados Unidos, pela Globo, estabeleceu-se um
debate entre Casagrande, Junior e Galvão Bueno: se Oscar é o novo grande número
10 da Seleção Brasileira. Junior e Casagrande disseram que Oscar é o novo 10 da
Seleção.
Galvão
Bueno falou: “Cuidado, que esta camisa 10 foi do Pelé, do Rivelino e de Zico. Cuidado!”.
Nove
meses antes, mais precisamente no dia 22 de agosto de 2011, esta coluna já se
preocupava com a questão.
Olhem
o que escrevi nove meses atrás: “Nunca o Internacional, de tantos títulos,
conseguiu ter em suas fileiras qualquer jogador que se assemelhasse em vulto a
Ronaldinho Gaúcho e Renato Portaluppi.
De
tantos e tantos craques que passaram pelo Beira-Rio nas últimas décadas, nenhum
conseguiu igualar-se em técnica e decisão intrínseca ao talento a Ronaldinho e
Renato. Escrevi isso aí de cima porque o horizonte ameaça que o Internacional
venha a ter, agora, finalmente, um jogador à altura de Ronaldinho Gaúcho e
Renato. Refiro-me a Oscar, que fez os três gols da decisão do Mundial Sub-20.
Oscar
tem tudo, chute, descortino, técnica, desenvoltura, para ser um dos maiores
jogadores gaúchos de todos os tempos. Que sorte a do Internacional por ter
Oscar”.
Nove
meses antes!
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