rosane.oliveira@zerohora.com.br
"Sumidouros de dinheiro
público"
A
reportagem das páginas 4, 5 e 6 desta edição, assinada pela jornalista Cleidi
Pereira, é um exemplo acabado das distorções que fazem o dinheiro público
escorrer pelo ralo, enquanto se multiplicam as carências.
Se o
Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul é importante para o Estado,
deveria estar funcionando a pleno vapor. Se não é importante, já deveria ter
sido fechado. De que serve para o cidadão gaúcho um laboratório farmacêutico
que, além de não produzir, custou mais de R$ 70 milhões nesses quase nove anos
de paralisia, somando-se os gastos com o custeio, o que deixou de arrecadar e o
que perdeu em matéria-prima deteriorada?
Com
os R$ 28 milhões gastos na manutenção, não se consegue resolver o problema da
saúde no Rio Grande do Sul, mas seria possível, no mínimo, aumentar a
quantidade de medicamentos oferecidos à população. Quem precisa recorrer à
Justiça para conseguir remédios que o Estado deveria oferecer tem razão em se
revoltar quando vê o que o Lafergs custou nos últimos anos.
Os
gestores públicos que já tentaram fechar uma estrutura considerada ineficaz
sabem o quanto é difícil para o Estado se desfazer de um elefante branco.
Primeiro, porque mesmo encerrando as atividades, os funcionários não podem ser
demitidos e o Tesouro ainda tem que assumir as dívidas trabalhistas, não raro
resultantes de negligência.
Até
hoje, o Estado tem em seus quadros servidores da Caixa Econômica Estadual,
extinta no governo de Antônio Britto, ganhando salários acima da média e
cumprindo jornada de seis horas diárias porque, tecnicamente, são bancários.
Não importa se o banco em que trabalhavam acabou há quase 20 anos: nas
secretarias em que foram acomodados, têm direito adquirido a uma jornada
reduzida, mesmo realizando tarefas idênticas às dos servidores que cumprem oito
horas por dia.
Quando
assumiu a Secretaria da Agricultura, em 2011, Luiz Fernando Mainardi constatou
que a Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) era um desses sumidouros de
dinheiro público. Tentou fechá-la, mas acabou capitulando.
Depois
eles fingem que não sabem as razões das manifestações de rua...
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