segunda-feira, 5 de agosto de 2013


05 de agosto de 2013 | N° 17513
DAVID COIMBRA

1 a 1 para a história

Encerrado o primeiro Gre-Nal da história da Arena, D’Alessandro e Damião correram para diante da fatia de arquibancada em que estava confinada a torcida colorada e foram festejar.

O Inter, porém, não havia vencido – no placar, reluzia um conservador 1 a 1. Mesmo assim, a comemoração dos dois melhores jogadores do Inter fazia sentido. Porque, se é verdade que não houve nenhum massacre técnico, foi o Grêmio que esteve mais perto de vencer.

Essa superioridade foi obtida graças a um estratagema traçado pelo técnico Renato. Sem poder contar com os lesionados Zé Roberto e Vargas (também suspenso), ele inovou: escalou três zagueiros e liberou os laterais para o ataque. Deu certo, sobretudo no lado esquerdo, onde Alex Telles se impôs sobre a marcação adversária e passou a tarde cruzando.

No primeiro tempo, o domínio do Grêmio foi mais sólido. O time de Renato ganhou a maioria dos rebotes e empurrou o Inter para o campo defensivo. Alex Telles ia ao fundo e mandava a bola em curva da esquerda, Pará investia na diagonal pela direita e, no meio, Kleber e Barcos levavam vantagem sobre os zagueiros Juan e Ronaldo Alves. Houve, no entanto, poucas jogadas realmente agudas, de penetração, que pudessem ser classificadas de situações claras de gol.

O que ocorria era o lance na fronteira do perigo. Por exemplo: aos sete minutos, Elano cobrou falta e Riveros cabeceou para fora. Aos 10, Alex Telles cruzou da esquerda, Kleber passou a Riveros, que chutou torto. Aos 12, Elano levantou, Barcos cabeceou no meio da área, e Muriel defendeu. Não havia perigo terminal, mas o Grêmio se aproximava mais do gol. Aos 17, sim, Kleber enganou Willians e foi derrubado na área: pênalti. Barcos cobrou e fez 1 a 0 aos 18 minutos.

Parecia que o Grêmio ia se impor com alguma facilidade, mas, ao levar o gol, o Inter reagiu com bravura. Por alguns minutos, o meio-de-campo colorado passou a ganhar as divididas e partir para o ataque com sofreguidão. Aos 21, Willians se recuperou do pênalti realizando uma jogada de grande energia pela direita. Quase colado à linha lateral, ele baixou a cabeça e avançou como um quarto-zagueiro de futebol americano, deixando os marcadores para trás. Do lado da área, cruzou para Damião, que, no outro lado, entrou sem marcação e empurrou a bola para o gol com o pé esquerdo: 1 a 1.

Durante os 20 minutos seguintes, o jogo ficou equilibrado, transcorrendo pastoso na intermediária. Nos últimos cinco minutos, o Grêmio voltou a crescer e criou duas oportunidades, uma aos 41, quando Alex Telles cruzou, Kleber cabeceou, e Muriel defendeu, e outra aos 43, quando Barcos cruzou para Kleber, que chutou para fora.

No segundo tempo, Dunga tentou corrigir o defeito tático do Inter. Tirou o lateral Ednei e colocou Fabrício. Jorge Henrique recuou para a lateral. Pela esquerda, a intenção óbvia era costurar a jogada forte entre Fabrício e Kleber.

O Inter melhorou um pouco. O jogo tornou-se mascado no meio-campo, com muitas faltas, principalmente do Grêmio. Mal os jogadores do Inter dominavam a bola nas cercanias do grande círculo e eram derrubados. Aos 10 minutos, Ramiro ergueu a bola na área e encontrou Elano livre, mas o meia se atrapalhou e cabeceou torto. Foi um dos lances mais perigosos.

Aos poucos, o Grêmio foi retomando o domínio. Aos 25, Ronaldo Alves escorregou, a bola sobrou para Barcos, que ia arremeter sozinho para a área, mas o árbitro assinalou falta. Três minutos depois, Barcos venceu um lance pela direita e cruzou rasteiro para Kleber, mas Jorge Henrique chegou antes e afastou a bola. Aos 30, Jorge Henrique tirou de novo, desmanchando uma boa trama de Maxi, Kleber e Barcos.

Um minuto depois, Jorge Henrique cometeu falta em Barcos e foi expulso. Neste momento, estourou uma confusão típica de Gre-Nal. Os jogadores do Inter cercaram o árbitro, alegando que não foi falta e que, antes disso, no primeiro tempo, Adriano deveria ter sido expulso por uma falta em D’Alessandro. O árbitro Fabrício Corrêa conteve o princípio de tumulto e o jogo seguiu.

O melhor lance do Inter no segundo tempo ocorreu, ironicamente, quando o time tinha um jogador a menos. O argentino Scocco, aos 36 minutos, dominou a bola na frente da área e desferiu um chute malicioso, em curva, à esquerda de Dida. O goleiro do Grêmio, já vencido, só observou e torceu para que a bola saísse. Ela saiu.


Renato sacou o volante Riveros e colocou o jovem Paulinho, que até fez uma jogada aguda pela esquerda, mas não teve chance para muito mais, e nem o Grêmio teve calma suficiente para tocar a bola e valer-se da superioridade numérica para ganhar a partida. Já nos descontos, outros dois jogadores foram expulsos: Fabrício aos 46 e Werley aos 48, ambos por agressão. O Gre-Nal terminou assim, tenso, com os nervos retesados, mas, depois do último apito, os jogadores relaxaram, cumprimentaram-se e trocaram as camisas como bons profissionais. Como cavalheiros. Como deve ser.

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