ERNESTO
FARIA - ESPECIAL PARA A FOLHA
Atratividade da carreira docente é questão-chave
Os
dados do Enade 2011 apontam que os concluintes de cursos de licenciatura e
pedagogia obtêm notas inferiores aos dos concluintes das áreas de engenharia e
tecnologias na prova de "formação geral". O que isso quer dizer?
Em
resumo, que os futuros professores das escolas brasileiras estão menos preparados
do que profissionais de outras áreas em habilidades como compreensão de texto e
resolução de problemas.
Embora
esse resultado diga pouco sobre o conteúdo dos cursos, já que a formação geral
não é o foco deles, trata-se de uma constatação bastante preocupante.
Isso
porque essas habilidades são justamente aquelas que se espera que esses
profissionais ajudem crianças e jovens a desenvolver ao longo de sua vida
escolar.
Com
isso, o Enade confirma que a defasagem trazida da educação básica pelos alunos
dos cursos de pedagogia e licenciatura -já apontada em outras avaliações- não é
corrigida ao longo de quatro anos de faculdade.
Os
poucos estudos sobre fluxo no ensino superior também mostram que as taxas de
repetência e evasão são mais baixas nestes cursos em comparação com outras áreas
(pelo fato de os alunos entrarem menos preparados na faculdade, seria possível
imaginar justamente o oposto).
Ao
mostrar que alunos dos cursos mais concorridos obtêm melhores resultados no
exame, o Enade também reforça a relação decisiva entre a atratividade de uma
carreira e a qualificação dos profissionais que atuam nela.
Esse
desafio é enorme na área da educação, uma vez que estamos falando de tornar
atrativa -e, portanto, concorrida- uma carreira que recebe das universidades
mais de cem mil novos profissionais por ano.
Outra
informação que chama a atenção nos números do Enade 2011 é que, nos cursos de
licenciatura e pedagogia, o conjunto das universidades públicas tem desempenho
semelhante ao conjunto das universidades privadas.
Embora
sejam necessários mais elementos para uma análise qualificada, esse é um dado
que merece ser trazido para o debate.
O
papel decisivo de bons professores para o aprendizado dos alunos nas escolas já
é um consenso.
Os
dados do Enade reforçam que para termos esses bons professores em todas as
salas de aula brasileiras é urgente garantirmos uma carreira docente mais
atrativa, uma formação inicial exigente e uma formação continuada que esteja
diretamente ligada às principais habilidades que os professores precisam
desenvolver em suas atividades na escola.
ERNESTO
MARTINS FARIA é coordenador de projetos da Fundação Lemann
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