06
de agosto de 2013 | N° 17514
FABRÍCIO
CARPINEJAR
Não deixe de sair com o casaco, meu
filho, alguma mulher pode precisar
O
homem só depende de um casaco para ser gentil. Deve levar sempre um casaco
consigo. Estar preparado para o arrebatamento. Mesmo que seja um sol de rachar.
Ou um mormaço amazônico.
Ele
vai precisar oferecer para uma mulher em algum momento. O casaco é que
diferencia o cavalheiro dos outros mortais.
O
casaco é a arma romântica, a elegância do improviso. Evidencia seriedade de
princípios, já que a educação desenvolve intimidade.
É só
oferecer o casaco, que ele mostra ser capaz de ceder sua vida, cria empatia com
o mundo feminino, assinala vigilância e cuidado.
O
casaco é um dos itens obrigatórios para sair de casa. Por isso, a mãe sempre
pedia para nunca esquecê-lo na infância.
Não
é somente um casaco, mas um colete salva-vidas para as situações amorosas. Nosso
casaco não é para nós, mas para elas. É óbvio que sua namorada estará
desprotegida, toda mulher sai com pouca roupa de noite para se manter sensual.
Ela
se sacrifica por você, você se sacrifica por ela. Dois sacrifícios formam uma
escolha.
O
casaco é um reforço secreto na saída do bar ou do restaurante, nossa alma de
linho a desafiar nevoeiros e ventos. Representa nosso farol, nosso castelo,
nossa fortaleza viril.
Simples
de tirar e se converter em novos significados. Multifuncional por essência, o
equivalente a um canivete suíço. Numa única versão de pano, temos abridor de
condicionamentos, tesoura de conversa, serra a críticas, lima para frieza,
alicate de travas e chaves de fenda do coração.
Com
um casaco, o homem saca um guarda-chuva para sua companhia atravessar a
tempestade.
Com
um casaco, o homem inventa uma almofada para ela deitar a cabeça ou sentar no
chão.
Com
um casaco, o homem espanta o frio incômodo dos ombros na madrugada.
Com
um casaco, o homem salva sua parceira das sessões gélidas de cinema.
Com
um casaco, o homem inaugura um cobertor nas pernas.
Além
de eliminar a necessidade do telefonema do dia seguinte. Ele cria
automaticamente a necessidade do segundo encontro, e ainda transferindo a
responsabilidade para a mulher de entrar em contato.
Ao
deixar o casaco, ela terá que devolvê-lo. Duvido que não ponha um bilhete de
agradecimento no bolso.
O
casaco é também a primeira correspondência de amor.
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