06
de agosto de 2012 | N° 17153
L. F.
VERISSIMO
Esportes espontâneos
Não
sei muita coisa a respeito de judô. Sempre me pareceu que uma luta de judô consiste
em um tentando desarrumar o pijama do outro. Mas uma coisa me surpreendeu,
vendo o judô das olimpíadas na TV: como judoca é emotivo. Têm-se visto
manifestações de sensibilidade em outras modalidades, claro.
Todo
mundo se emociona na vitória ou na derrota, na hora das medalhas e na hora dos
hinos. Mas você imaginaria que judocas fossem pessoas duronas, que soubessem
conter suas emoções.
O
simples fato de o puxa-puxa das suas lutas não desandar em brigas de rua, com
pontapés e ofensas à mãe (pelo contrário, nada mais civilizado do que as
formalidades entre os lutadores, antes e depois das lutas), seria uma prova de
controle absoluto. Mas não, judocas choram quando ganham e choram quando perdem.
O que não deixa de ser muito simpático.
Sempre
achei que as olimpíadas se tornariam mais simpáticas se incluíssem o que se
poderia chamar de esportes espontâneos. Por exemplo: queda de braço e bolinha
de gude.
A
incorporação dessas modalidades populares favoreceria países sem tradição olímpica,
que nunca competem nos esportes nobres, mas poderiam muito bem mandar uma
delegação vencedora de jogadores de pauzinho (também, conhecido como, desculpe,
porrinha).
Qualquer
frequentador de bar brasileiro conhece o jogo de pega-bolacha, que consiste em
empilhar bolachas de chope na borda da mesa, mandá-las para o alto com um golpe
e tentar agarrá-las no ar. Duvido que o Brasil encontrasse adversário a sua
altura numa competição de pega-bolacha.
Há esportes
espontâneos com uma longa história que quem praticou em criança nunca esquece,
como bater figurinha. Com alguns meses de treinamento, qualquer adulto pode
recuperar sua habilidade em bater figurinha e ir para os jogos. Outras
modalidades: embaixada com laranja ou qualquer outra coisa esférica; tiro ao
alvo com bodoque; arremesso de invólucro de canudo soprando o canudo; par ou ímpar.
Etc., etc.
E não
vamos nem falar nos vários jogos de cartas, como o truco, nos quais nossas
chances de ganhar o ouro seriam grandes. Talvez houvesse alguma dificuldade em
acordar a delegação do pôquer para o desfile inaugural, e imbuir todo o mundo
do espírito olímpico, mas fora isso...
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