ELIANE
CANTANHÊDE
Quem quer o
abacaxi?
BRASÍLIA
- A imagem fragilizada de Lula, trôpego, de bengala, e depois recebendo o
título de doutor honoris causa de universidades do Rio tem uma força imensa no
imaginário popular e na política.
Soma-se
a essa força simbólica a força concreta de Dilma. Primeira mulher presidente,
ela teve peito para enfrentar os bancos, os juros, a criação do Funpresp (o
fundo de previdência do funcionalismo) e, enfim, a garfada na poupança.
A
oposição tenta vislumbrar alguma brecha na CPI e na votação da MP da poupança,
mas está difícil. O peixe mais graúdo da CPI é Demóstenes, até há pouco um
ídolo oposicionista, e o discurso de que "a poupança vai render menos para
os juros baixarem mais" parece colar.
Quando
Aécio disse que "as circunstâncias lá na frente" poderão empurrar
Serra para a candidatura à Presidência, a conclusão imediata foi de que estava
espezinhando o outro. Serra, que jura que quer ser prefeito para ser prefeito,
não para pular no palanque presidencial, ironizou: não esperava de Aécio senão
"essa manifestação de gentileza".
Em
vez de trocarem gentilezas e ironias, porém, os dois parecem estar fugindo da
raia.
FHC
alegou pruridos éticos e deixou Serra ao léu em 2002, mas quem errou feio em 2002,
2006 e 2010 foi Aécio, imaginando que a derrota de Serra e Alckmin seria a
vitória dele, o trampolim para sua candidatura presidencial em 2014. Foi
tragado pelo Senado, enquanto o lulismo/dilmismo se prepara para 20 anos de
poder.
Noves
fora o "imponderável", os campeões de popularidade Lula e Dilma, o
simbólico e o concreto, projetam uma derrota acachapante para os tucanos em
2014.
Depois
de dez anos se digladiando para disputar o Planalto, Aécio e Serra tendem a ser
empurrados pelas "circunstâncias lá na frente" para situação oposta:
um empurrando o abacaxi para o outro. Quem topa enfrentar Dilma e Lula, juntos,
em 2014?
elianec@uol.com.br
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