15
de maio de 2012 | N° 17070
CLÁUDIO
MORENO
Homens e mulheres (15)
33 –
A infatigável Madame de Staël confessou que não sabia por que as pessoas – especialmente
os homens – cansavam dela tão rapidamente. Benjamin Constant, que a amou
enquanto pôde, disse que nunca conheceu uma mulher que fosse tão continuamente
exigente. A vida de todos os que andavam a seu redor – cada hora, cada minuto,
anos a fio – devia estar à sua disposição, ou sobreviria uma explosão maior que
a soma de todos os terremotos e trovoadas.
Sempre
que falava no fracasso de seu relacionamento com madame, Constant queixava-se,
com amargor, de que sempre tinha se sentido necessário – mas nunca suficiente.
34 –
Solinus, naturalista romano do início da Era Cristã, ao descrever a fisiologia
da mulher, classifica o fluxo menstrual como uma “doença monstruosa”, cujos
efeitos maléficos são relacionados no tratado que ele chama de Coisas Memoráveis:
se não houver precauções, tudo se estraga à sua volta – as sementes não
germinam, os vinhos azedam, as plantas murcham, as árvores perdem os frutos, o
ferro enferruja e o bronze oxida.
Além
disso, as mulheres neste estado têm um olhar tão funesto que mata o brilho dos
espelhos e tira a nitidez de seus reflexos, fazendo o rosto de quem neles se
olha aparecer encoberto por uma espécie de névoa. Solinus, no entanto,
reconhece que a existência da mulher é importante para que o homem possa gerar
sua descendência.
Observa
que há algumas que nunca poderão ter filhos, mas entre essas, conclui nosso
grande especialista, algumas se curam de sua esterilidade no momento em que
casam com outro homem...
35 –
Conta Plutarco que Leo Bizantino, famoso orador, foi um dia a Atenas para
tentar conciliar duas facções políticas que se hostilizavam naquela cidade. Quando
levantou para falar, no entanto, a assembleia começou a rir e a caçoar de sua
baixíssima estatura, que era realmente fora do comum.
“O
que vocês diriam, então”, perguntou, “se conhecessem minha mulher, que mal
chega à minha cintura?”. Como era de esperar, os risos redobraram, mas ele,
imperturbável, concluiu: “Pois saibam que Bizâncio é grande e nós somos
pequenos, mas quando eu e ela começamos a brigar, não há cidade que chegue para
nós!”.
36 –
Em seu Caderno de Apontamentos, Samuel Butler, escritor inglês e tradutor de
Homero, sugere que a Rainha Vitória, que sempre viajava como Condessa de Balmoral,
certamente ficaria bem mais feliz se pudesse viajar apenas como uma simples Mrs.
Smith. “No fundo, há muito de Mrs. Smith escondido dentro de qualquer rainha – assim
como há muito de rainha escondido dentro de qualquer Mrs. Smith.”
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