Os muitos
Getúlios
Getúlio
Vargas foi o homem que governou o Brasil por mais tempo: de 1930 a 1945 e de
1951 a 1954, ano de seu suicídio. Antes de Getúlio o Brasil encontrava-se em
estágio pré-industrial e, em poucos anos, a era Vargas construiu uma indústria
siderúrgica imensa, houve uma revolução na infraestrutura de transportes e energia,
as bases da indústria petrolífera foram lançadas e o proletariado foi
incorporado à vida nacional.
Getúlio
Vargas - A esfinge dos pampas, biografia do conceituado professor e
brasilianista inglês Richard Bourne, editada pela Geração Editorial, soma-se à
já extensa bibliografia sobre nosso maior político do século XX e demonstra
que, sopesadas as qualidades e defeitos de Vargas e as realizações de seus
governos, o fiel da balança pende a favor do gigante de lm60cm de altura.
Bourne
publicou, pela Geração, Lula do Brasil, a história real e, nesta biografia de
Vargas, considerada a mais imparcial, bem escrita e profunda, tanto em termos
de análise política quanto de análise psicológica, decifra o sorriso enigmático
do presidente suicida e outros enigmas da “esfinge dos pampas”.
Segundo
o brasilianista, Getúlio chegou ao poder através de uma revolução e esmagou
várias revoluções. Fortaleceu a classe trabalhadora mas enfraqueceu a
democracia. Vargas lutou pelo bem-estar social mas atentou contra liberdades
individuais, industrializou o País e defendeu os direitos dos cidadãos, mas
também dotou de poder quase ilimitado as forças armadas, assim criando,
inadvertidamente, um monstro que acabou por devorá-lo em 1954 e, depois, ao
Brasil, em 1964.
As
muitas faces do homem de São Borja que governou como ditador, suprimiu
liberdades e exerceu a censura e, anos mais tarde, eleito pelo povo, governou
como democrata, colocou o interesse público acima de tudo, desagradou reacionários e acabou por seu
deposto por militares.
Quem
foi o homem que modernizou o País? Revolucionário ou reacionário? Autocrata ou
democrata? Fascista ou comunista? Progressista ou conservador? Opressor ou
vítima? Quem foi realmente o homem que criou três partidos, legou muito à nação
e até hoje divide opiniões?
O
certo é que Vargas transformou o País numa nação, que sua vida e seus atos
merecem muitas reflexões e que o julgamento das pessoas, do tempo e da
história, os que interessam mais, sem dúvida lhe são amplamente favoráveis. A
obra de Richard Bourne vem em boa hora. Geração Editorial, 320 páginas, R$
39,90.
Jaime
Cimenti
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