31
de maio de 2012 | N° 17086
CLAUDIA
TAJES
O
modernômetro
Em um
programa de televisão, desses em que os debatedores opinam sobre qualquer
assunto com uma segurança constrangedora, alguém falou que o uso do PS em
e-mail era de uma total idiotice.
Que o
famoso Post Scriptum, “escrito depois”, em latim, havia perdido a razão de ser
agora que basta colocar o cursor no corpo do texto e botar lá o que faltou. No
tempo das cartas, o PS era bem isso, a forma de botar lá o que faltou. O jeito
de completar uma ideia, de corrigir uma informação, de acrescentar uma
lembrança, de juntar um carinho, tudo sem necessidade de Errorex.
O coitado
do PS virou, então, tema de polêmica, com uma guria a defendê-lo e uns três ou
quatro a exigir-lhe a cabeça. No final, um dos convidados sentenciou: ninguém
poderá se considerar moderno se usar PS.
O chapéu
serviu para mim. Não quero me considerar moderna e adoro um PS. Escrevo e-mails
com PS a torto e a direito (eis aí uma expressão antiga). Muitas vezes, o
conteúdo do PS não cai bem no corpo do e-mail. Se a conversa é séria, como
encaixar uma graça? Se é leve, como ficar grave apenas trocando de parágrafo?
Se tem a ver com amor, como misturar com o tom comercial de certos arranjos tão
chatos quanto necessários nas relações?
Por conta
disso, estou decidida, com uma segurança constrangedora, a manter o PS nos meus
e-mails. O papo do programa me lembrou o que um dia ouvi de um quase-jovem
publicitário com quem trabalhei: que eu não era moderna para criar a propaganda
de um chinelo.
Puxa, de um
chinelo? Diante desses critérios, dá vontade de dizer, para o cara do PS e para
o semijovem criativo, que moderno é o Carlos Drummond de Andrade, o poeta
mineiro nascido em 1902 que, neste ano, é o homenageado da Festa Literária Internacional
de Paraty, a moderna Flip. Mas deixa assim. Seria muita informação, e eu que
não quero estourar o modernômetro deles.
PS: A
Secretaria de Estado da Cultura acaba de lançar seis editais do Fundo de Apoio
à Cultura, com R$ 10 milhões para financiar projetos em diversas áreas do
desenvolvimento cultural, como se vê em www.cultura.rs.gov.br.
PS2: O 20º
Prêmio Unirádio da FM Cultura acaba de reconhecer estudantes da Unisinos, da
PUCRS e da Feevale. Legal ver que o rádio está sendo pensado, nas faculdades de
Comunicação, de um jeito realmente moderno: com conteúdo.
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