Mais tempo para as mães tão
ocupadas
Mães
sempre foram tipo polvo, fazendo mil coisas com mil tentáculos. Casa, comida,
lavar roupa, crochê, tricô, figada e uvada no tacho, cuidar do jardim, da horta
e da roça, parir, costurar etc.
Mãe-BomBril
mil utilidades. Muitas ainda tinham tempo de ter cinco, seis, dez, quinze
filhos e dar uma mãozinha para as parentes e amigas. As que podiam trabalhavam
fora eram professoras, enfermeiras ou outras poucas profissões. No interior da
Serra gaúcha, quando uma mulher tinha filho, as vizinhas iam para a casa dela,
com uma galinha na mão, para ajudar em tudo e dar caldo para a gestante, ao
menos por uns dias.
No mês
ou ano seguinte a gestante auxiliava a vizinha. Uma mãe levava à outra. Eletrodomésticos,
menos filhos, empregadas, comida congelada (argh!, “derrete na boca”) trabalho
fora, dupla jornada, maridos ajudando um pouco, pílula anticoncepcional e a
vida foi mudando. As mulheres se queixam de tantas atribuições.
Ainda
por cima têm de cuidar de si mesmas. Principalmente em cidades grandes, a vida é
agitada. Horas de transporte, horas de trabalho, horas em casa. Não é brinquedo,
não! As mães estão merecendo mais tempo para serem mães no sentido de observar,
curtir com calma o crescimento dos
filhos, que crescem cada vez mais rápido.
As mães
merecem mais tempo para olhar nos olhos dos filhos, afagar seus cabelos,
conversar com mais vagar, fazer nada ao lado das crianças, brincar com elas. Elas
crescem rápido demais. Logo vão para a Austrália, para Londres, Jaquirana, Floripa, Brasília e outras bandas.
Depois
voltam, às vezes com netos e/ou projetos de netos. Maternidade não combina com
correria e terceirização e o tempo se vinga - e como! - das coisas feitas sem a
colaboração dele. Mãe é tipo zagueiro, tem de chegar junto! Mas com calma, com
categoria, tipo assim o Airton Pavilhão, saudoso, elegante. Feliz Dia das Mães!
E que consigam e tenham mais tempo para se ocupar, ainda mais, com a própria e
feliz maternidade.
La
vita è adesso. A vida é agora. As mães sabem. Sabem tudo, as mães, mesmo as
coisas que acham que não sabem. Mães não devem ser os únicos seres felizes. Todos
devem ser.
Questão
de tempo. E de todos darem uma mãozinha para as mamães, que sempre andaram
ocupadas e, agora, estão ainda mais envolvidas demais com tantas coisas.
Jaime
Cimenti
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