sexta-feira, 11 de maio de 2012



Mais tempo para as mães tão ocupadas

Mães sempre foram tipo polvo, fazendo mil coisas com mil tentáculos. Casa, comida, lavar roupa, crochê, tricô, figada e uvada no tacho, cuidar do jardim, da horta e da roça, parir, costurar etc.

Mãe-BomBril mil utilidades. Muitas ainda tinham tempo de ter cinco, seis, dez, quinze filhos e dar uma mãozinha para as parentes e amigas. As que podiam trabalhavam fora eram professoras, enfermeiras ou outras poucas profissões. No interior da Serra gaúcha, quando uma mulher tinha filho, as vizinhas iam para a casa dela, com uma galinha na mão, para ajudar em tudo e dar caldo para a gestante, ao menos por uns dias.

No mês ou ano seguinte a gestante auxiliava a vizinha. Uma mãe levava à outra. Eletrodomésticos, menos filhos, empregadas, comida congelada (argh!, “derrete na boca”) trabalho fora, dupla jornada, maridos ajudando um pouco, pílula anticoncepcional e a vida foi mudando. As mulheres se queixam de tantas atribuições.

Ainda por cima têm de cuidar de si mesmas. Principalmente em cidades grandes, a vida é agitada. Horas de transporte, horas de trabalho, horas em casa. Não é brinquedo, não! As mães estão merecendo mais tempo para serem mães no sentido de observar, curtir  com calma o crescimento dos filhos, que crescem cada vez mais rápido.

As mães merecem mais tempo para olhar nos olhos dos filhos, afagar seus cabelos, conversar com mais vagar, fazer nada ao lado das crianças, brincar com elas. Elas crescem rápido demais. Logo vão para a Austrália, para Londres, Jaquirana,  Floripa, Brasília e outras bandas.

Depois voltam, às vezes com netos e/ou projetos de netos. Maternidade não combina com correria e terceirização e o tempo se vinga - e como! - das coisas feitas sem a colaboração dele. Mãe é tipo zagueiro, tem de chegar junto! Mas com calma, com categoria, tipo assim o Airton Pavilhão, saudoso, elegante. Feliz Dia das Mães! E que consigam e tenham mais tempo para se ocupar, ainda mais, com a própria e feliz maternidade.

La vita è adesso. A vida é agora. As mães sabem. Sabem tudo, as mães, mesmo as coisas que acham que não sabem. Mães não devem ser os únicos seres felizes. Todos devem ser.

Questão de tempo. E de todos darem uma mãozinha para as mamães, que sempre andaram ocupadas e, agora, estão ainda mais envolvidas demais com tantas coisas.

Jaime Cimenti

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