15
de maio de 2012 | N° 17070
PAULO
SANT’ANA
Contrastes
Confessem
que estava ótima a minha coluna de ontem sobre o fingimento.
Só que
me esqueci de citar sem dúvida o maior verso do grande português Fernando
Pessoa, que calhava como uma luva no tema:
O
poeta é um fingidor.
Finge
tão completamente
Que
chega a fingir que é dor
A
dor que deveras sente.
E é verdade,
tem gente que finge que ama alguém, mas na verdade está amando mesmo.
Tem
gente que finge que é malvado e não passa de um poço de ternura.
Tem
gente que finge que é inteligente e não passa de uma cavalgadura.
Tem
gente que tem voz bonita, mas gagueja e é fanhoso no raciocínio.
Tem
gente que escreve muito bem, mas não expressa nenhuma ideia. E tem gente que
escreve mal, mas é cheio de conteúdo.
Tem
gente que não tem onde cair morto, mas tem fama de rico.
Tem
mulher que, de tanto fingir orgasmo, acaba conseguindo chegar a ele com
naturalidade. E aí passa a fingir que não está tendo.
O
maior de todos os chatos é o que conta sua piada sem graça e não acha graça nas
piadas cheias de graça dos outros.
Tem
gente que descasca a cereja para comê-la e come abacaxi sem descascá-lo.
Tem
gente que usa a mulher como escudo, outros usam a mulher como chamariz e alguns
assexuados usam sua mulher como pretexto.
O
melhor marido é o provedor bom de cama. O pior marido é o pelado que deita e
dorme.
O
pior colorado é o que acha que o Guiñazu não joga nada. E o pior gremista é o
que acha que o Souza é craque.
Na
assembleia reivindicatória dos animais, a lesma solicitou auxílio-moradia e o
vaga-lume equipamento de pisca-pisca.
No
Congresso Anual de Obsoletismo foram primeiros colocados o alfaiate e o
fabricante de galochas.
Tenho
um amigo que é salvo por dois azuizinhos, o Viagra e o Dormonid. Mas é condenado
a sofrer há 11 anos pelo terceiro azulzinho, o Grêmio.
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