segunda-feira, 28 de maio de 2012


JAIME SPITZCOVSKY - jaimespitz@uol.com.br

Cães e a era Facebook

Em seu perfil, Beast -o cão de Mark Zuckerberg- tem a bagatela de mais de 570 mil usuários que o "curtem"

UM CHARMOSO puli, exótica raça húngara, galvanizou atenções num dos casamentos mais badalados do ano. Beast, na cerimônia, acompanhou a noiva Priscila Chan na passarela improvisada entre os cerca de 100 convidados para chegar a Mark Zuckerberg, o homem do Facebook. Sua bilionária companhia, além de oferecer um perfil do cão do próprio dono, também anunciou adesão a uma campanha contra as infames "fábricas de filhotes".

Em seu perfil, Beast tem a bagatela de mais de 570 mil usuários que o "curtem". Mas nem tudo é felicidade na página do pet, que insinua momentos de nostalgia. Parece, segundo o dono, sentir falta de ovelhas para cuidar. É um cão de pastoreio, distante das atividades de seus antepassados, hoje confortavelmente instalado numa casa em Palo Alto, na Califórnia.

O álbum escancara a vida do filhote da fase destruidora, ao, por exemplo, dilacerar um rolo de papel higiênico, à etapa adulta e adestrada. Em uma foto, Beast espera pacientemente a autorização para devorar um petisco.

O cão também demonstra se aborrecer com tecnologia. Zuckerberg surge numa imagem tentando "doutrinar" o amigo sobre as vantagens do mundo virtual, com a possível intenção de transformá-lo num nerd de quatro patas. Mais tarde, porém, o puli aparece ao lado de Priscila Chan e de um notebook, cheio de sono provocado, segundo o perfil, pelo computador.

Embora o cãozinho de origem húngara tenha rejeitado a tentativa de cooptação tecnológica, fiquei com a impressão de que foi engolido por alguns maneirismos urbanos ou efeitos colaterais tecnológicos. A raça se notabiliza pelas ramas de dreadlocks, ao estilo Bob Marley. Beast parece excessivamente penteado, lembrando maltês ou sheepdog. Pode ser também "chapinha canina", opção estética imposta pelo dono.

O Facebook constitui uma vitrine privilegiada para exibir e apreciar nossos amigos de quatro patas. A empresa busca ainda mostrar responsabilidade social ao anunciar, cerca de dois meses atrás, que embarcava numa campanha da centenária ASPCA, criada em 1866 para promover o bem-estar animal.

A companhia se comprometeu a banir anúncios de "fábricas de filhotes", simulacros de canis responsáveis pela produção em série de animais, sem condições de higiene, e preocupações com saúde e futuro dos reprodutores. Correspondem a versões humanas de um inferno dantesco imposto a cães.

Nos últimos dias, o FB também atraiu cinófilos ao servir de plataforma para disseminar cena registrada em Phoenix, no Arizona. A foto capturou a imagem de um pit bull ao lado de corpo da fêmea, da mesma raça, morta à beira da estrada, provavelmente por atropelamento.

O pit bull aparece deitado e esfregando o focinho na companheira morta. Permaneceu no local por mais de 14 horas, até que o corpo fosse recolhido. Não se arredou.

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