JAIME SPITZCOVSKY -
jaimespitz@uol.com.br
Cães e a era
Facebook
Em
seu perfil, Beast -o cão de Mark Zuckerberg- tem a bagatela de mais de 570 mil
usuários que o "curtem"
UM
CHARMOSO puli, exótica raça húngara, galvanizou atenções num dos casamentos
mais badalados do ano. Beast, na cerimônia, acompanhou a noiva Priscila Chan na
passarela improvisada entre os cerca de 100 convidados para chegar a Mark
Zuckerberg, o homem do Facebook. Sua bilionária companhia, além de oferecer um
perfil do cão do próprio dono, também anunciou adesão a uma campanha contra as
infames "fábricas de filhotes".
Em
seu perfil, Beast tem a bagatela de mais de 570 mil usuários que o
"curtem". Mas nem tudo é felicidade na página do pet, que insinua
momentos de nostalgia. Parece, segundo o dono, sentir falta de ovelhas para
cuidar. É um cão de pastoreio, distante das atividades de seus antepassados,
hoje confortavelmente instalado numa casa em Palo Alto, na Califórnia.
O
álbum escancara a vida do filhote da fase destruidora, ao, por exemplo,
dilacerar um rolo de papel higiênico, à etapa adulta e adestrada. Em uma foto,
Beast espera pacientemente a autorização para devorar um petisco.
O
cão também demonstra se aborrecer com tecnologia. Zuckerberg surge numa imagem
tentando "doutrinar" o amigo sobre as vantagens do mundo virtual, com
a possível intenção de transformá-lo num nerd de quatro patas. Mais tarde,
porém, o puli aparece ao lado de Priscila Chan e de um notebook, cheio de sono
provocado, segundo o perfil, pelo computador.
Embora
o cãozinho de origem húngara tenha rejeitado a tentativa de cooptação
tecnológica, fiquei com a impressão de que foi engolido por alguns maneirismos
urbanos ou efeitos colaterais tecnológicos. A raça se notabiliza pelas ramas de
dreadlocks, ao estilo Bob Marley. Beast parece excessivamente penteado,
lembrando maltês ou sheepdog. Pode ser também "chapinha canina",
opção estética imposta pelo dono.
O
Facebook constitui uma vitrine privilegiada para exibir e apreciar nossos
amigos de quatro patas. A empresa busca ainda mostrar responsabilidade social
ao anunciar, cerca de dois meses atrás, que embarcava numa campanha da
centenária ASPCA, criada em 1866 para promover o bem-estar animal.
A
companhia se comprometeu a banir anúncios de "fábricas de filhotes",
simulacros de canis responsáveis pela produção em série de animais, sem
condições de higiene, e preocupações com saúde e futuro dos reprodutores.
Correspondem a versões humanas de um inferno dantesco imposto a cães.
Nos
últimos dias, o FB também atraiu cinófilos ao servir de plataforma para
disseminar cena registrada em Phoenix, no Arizona. A foto capturou a imagem de
um pit bull ao lado de corpo da fêmea, da mesma raça, morta à beira da estrada,
provavelmente por atropelamento.
O
pit bull aparece deitado e esfregando o focinho na companheira morta.
Permaneceu no local por mais de 14 horas, até que o corpo fosse recolhido. Não
se arredou.
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